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Interior

Em um mês, 3 advogados foram mortos na linha entre Pedro Juan e Ponta Porã

Executado a tiros ontem à tarde, Elzo Renato Teles Garcete, 37, foi a vítima mais recente

Helio de Freitas, de Dourados | 02/11/2021 11:43
Viatura da PM ao lado do corpo do advogado Elzo Garcete. (Foto: Direto das Ruas)
Viatura da PM ao lado do corpo do advogado Elzo Garcete. (Foto: Direto das Ruas)

Em 31 dias, três advogados foram executados na linha internacional formada por Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Famosas pelo poderio do crime organizado, as duas cidades são citadas na imprensa nacional como “zona de guerra” do tráfico, sendo o principal motivo alegado pela polícia dos dois lados da fronteira para explicar a matança desenfreada dos últimos cinco anos.

Dois advogados mortos eram paraguaios e um brasileiro. Elzo Renato Teles Garcete, 37, é a mais recente vítima dos matadores da fronteira. Ontem à tarde, ele foi executado a tiros em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande.

O assassinato ocorreu na Rua das Codornas, no Jardim Vista Alegre, e continua cercado de mistérios. Os pistoleiros estariam em um Corsa branco, visto fugindo do local do crime em direção à MS-164, na saída para Antônio João.

O boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil traz poucas informações sobre o crime e se resume à narrativa feita por policiais militares, os primeiros a chegarem ao local onde Elzo foi morto.

Advogando em pelo menos 250 processos, segundo pesquisa feita pelo Campo Grande News no site JusBrasil, Elzo Garcete tinha clientes em vários outros estados brasileiros e atuava principalmente em ações trabalhistas.

Ele foi morto no gramado ao lado de uma rua de terra. A polícia não informou se ele estava a pé, se ele desceu de algum carro, nem mesmo se foram recolhidas cápsulas deflagradas na cena do crime.

Outras vítimas – Além do brasileiro executado ontem (1º), outros dois advogados paraguaios foram mortos desde 30 de setembro deste ano.

Naquele dia, o advogado e candidato a vereador Néstor Ramón Echeverria, conhecido como “advogado dos pobres”, foi morto com 41 tiros em frente a um bar, em Pedro Juan Caballero.

Após reunião política da campanha eleitoral (as eleições municipais ocorreriam dez dias depois no Paraguai), Néstor bebia e dançava com grupo de amigos em frente a um bar, quando foi morto.

No dia 25 de outubro, outro advogado foi crivado de balas pelos pistoleiros. Joel Angel Villalba Aguero, 45, foi morto na frente do pai, em Pedro Juan Caballero. Dos três advogados mortos, era o único comprovadamente envolvido com o tráfico de drogas.

Ex-funcionário público e filiado ao Partido Liberal, Joel e a mulher, Dalcy Antonia Sanchez de Escobar, foram presos em junho de 2006 em Curitiba (PR), quando entregavam oito quilos de cocaína ao uruguaio Daniel Makoto Hirai Torii.

No início do ano passado, após cumprir a pena por tráfico internacional, Joel Villalba foi oficialmente expulso do território brasileiro e voltou para Pedro Juan Caballero.

OAB – Ontem à noite, A Seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Mato Grosso do Sul divulgou nota lamentando o assassinato de Elzo Renato Teles Garcete.

Segundo a entidade, a diretoria da 5ª Subseção está em permanente contato com as autoridades locais para acompanhar as diligências sobre o crime.

O presidente da OAB/MS Mansour Elias Karmouche disse que a Seccional também acompanhará de perto as investigações e exigirá das autoridades públicas a “imediata solução do caso e que os autores dessa barbárie sejam punidos na forma e rigores da lei”.

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