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Interior

Empresa doa 20 toneladas de alimentos para animais que sobreviveram às queimadas

Froutas e legumes estão sendo distribuídos na Serra do Amolar, em MS, e em três municípios de MT

Adriano Fernandes | 24/12/2020 19:42
Empresa doa 20 toneladas de alimentos para animais que sobreviveram às queimadas
Integrantes de organização de proteção distribuindo frutas e legumes no território dos animais. (Foto: Divulgação)

Se por um lado milhares de animais perderam a vida durante os incêndios do Pantanal, por outro, uma grande parcela de espécies conseguiu resistir, entretanto, ainda sofre com a escassez de alimentos. Diante de um panorama tão desolador o Grupo Energisa, concessionária que administra a distribuição de energia no Estado, doou R$ 200 mil para instituições que atuam na preservação do bioma, adquirirem cerca de 20 toneladas de alimentos para os animais.

Além do montante a empresa também doou combustível para o Instituto Homem Pantaneiro, do Mato Grosso do Sul, e o grupo de voluntários É O Bicho MT, de Mato Grosso. Em Mato Grosso do Sul, a ação está concentrada na Serra do Amolar, em Corumbá, que teve cerca de 70% da área queimada, mas que ainda serve de refúgio aos animais que fugiram de outras áreas por concentrar algumas lagoas.

“Os animais invertebrados e insetos foram fulminados. Nosso foco tem sido prover alimentos a mamíferos e aves, já que as árvores frutíferas do Pantanal foram perdidas para o fogo”, explica Ângelo Rabelo, presidente do Instituto Homem Pantaneiro. A instituição é responsável pela gestão da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar e reúne fazendas, reservas e outras organizações.

Empresa doa 20 toneladas de alimentos para animais que sobreviveram às queimadas
Frutas e legumes sendo levados de barco para serem distribuídas na região pantaneira. (Foto: Divulgação)

Por duas semanas, os pesquisadores monitoraram a Serra do Amolar para verificar as populações de animais presentes na região e traçar a melhor estratégia para sua alimentação. Sendo assim, escolheram frutas e legumes menos perecíveis, como laranja, abóbora e melancia, que são colocados em árvores e no chão, visando atender a diferentes espécies.

Os voluntários também distribuem rações de equinos, cães e aves e milho seco. A bióloga Letícia Larcher, que integra o IHP, explica a necessidade desse planejamento. “Pela nossa experiência, percebemos que antas, por exemplo, gostam de ração de cavalo misturada a melado, enquanto a ração de pássaros pode servir às aves que costumam se alimentar de cereais, como periquitos e araras”, afirma a cientista. Serão entregues 11,7 toneladas de frutas e legumes na região.

A equipe do Instituto Homem Pantaneiro segue as diretrizes definidas pelo Comitê Interinstitucional de Combate a Incêndios Florestais, do qual fazem parte ONGs, institutos, universidades e órgãos públicos.

Já no Mato Grosso, as ações são coordenadas pelo Comitê Estadual de Gestão do Fogo, que inclui o governo estadual, Corpo de Bombeiros, IBAMA e outras instituições públicas e privadas. No estado, o grupo É O Bicho MT percorre diariamente os municípios de Mimoso, Barão de Melgaço e Poconé, porta de entrada do Pantanal Mato-grossense, distribuindo mantimentos como banana, mamão, melão, melancia, laranja, batata doce e ovos, além de ração e milho. Até o final de novembro a Energisa contribuiu com cerca de nove toneladas de alimentos, com foco em bananas, mamões e melões.

Jenifer Larrea, cofundadora do grupo É O Bicho MT, explica que as equipes estão priorizando alimentos com alto teor de água. Além disso, cochos com água foram instalados em algumas áreas no auge da estiagem, a pior em 60 anos e que, além de contribuir para as queimadas, ainda secou diversos cursos d’água da região.

Empresa doa 20 toneladas de alimentos para animais que sobreviveram às queimadas
Funcionários da Energisa carregando caminhão com os suprementos. (Foto: Divulgação)

Os alimentos naturais são coletados na capital, Cuiabá, e preparados pelos voluntários, que os levam de caminhonete até as regiões de vegetação acessíveis por terra, mas com difícil acesso. “Antas, quatis, lagartos e pássaros preferem as frutas, enquanto macacos, queixadas e lobetes comem mais os ovos”, conta a ativista, explicando que a ração e o milho são levados a áreas de mais difícil acesso por meio de um helicóptero do Ibama.

Logística semelhante há também no Mato Grosso do Sul, onde veículos com tração nas quatro rodas e quadriciclos chegam até onde as trilhas alcançam, e um helicóptero da Força Aérea Brasileira auxilia no acesso às áreas mais protegidas. Para fazer funcionar todo esse ciclo, porém, é necessário combustível. Em Mato Grosso do Sul, os voluntários precisam de aproximadamente mil litros de gasolina por semana. Com a doação da Energisa, será possível manter o suprimento por mais de um mês no estado.

Até novembro, 4,5 milhões de hectares do Pantanal, o equivalente a 30% do bioma, se perderam em meio às chamas, de acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Está tudo cinza. O que fazemos é tentar dar uma oportunidade para que os animais aguentem até a chuva vir e as árvores rebrotarem e voltarem a fornecer frutos”, resume Letícia Larcher, destacando que esse suprimento é fundamental para manter vivas espécies que são presas dos grandes carnívoros, como a onça pintada e a jaguatirica, e manter em harmonia a cadeia alimentar do bioma.

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