Ex-diretor de penitenciária está entre os presos em operação na fronteira
Em 2020, o policial penal foi candidato a vereador pelo DEM (Democratas), mas não conseguiu se eleger
Entre os cinco policiais penais presos na Operação La Catedral, desencadeada na manhã desta quinta-feira pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), está Carlos Eduardo Lhopi Jardim, 40 anos, ex-diretor da Unidade Penal Ricardo Brandão em Ponta Porã, distante 313 quilômetros de Campo Grande.
Na última eleição, em 2020, ele foi candidato a vereador pelo DEM (Democratas) na cidade, obteve 664 votos, mas não conseguiu se eleger. Conforme apurado pelo Campo Grande News, Carlos Eduardo foi afastado depois de duas fugas registradas no ano passado na penitenciária e atualmente não tinha cargo de chefia na Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário do Estado de Mato Grosso do Sul). Os nomes dos outros servidores não foram divulgados.
No total, são apurados ao menos 19 crimes cometidos pelos policiais penais investigados. Entre as infrações estão: o recebimento de propina para facilitar a troca de celas, de regalias, venda de remição de pena, permissão para entrada de bebidas alcoólicas e comercialização no interior da unidade penal.
Também estão entre as infrações, a permissão de entrada de carnes (in natura) no presídio, entrada de drogas e comercialização, entrada de celulares e comercialização, uso para fins particulares de mão de obra ou de serviços prestados na unidade penal pelos presos, celas especiais com projeto de móveis planejados, chuveiro elétrico, alimentação diferenciada dos internos e demais regalias, sem passar por revistas ou vistorias.
Os presos foram trazidos para a Capital onde ficarão custodiados no Centro de Triagem de Campo Grande. A prisão tem prazo de 5 dias e pretende garantir a eficiência nas investigações, impedindo que provas sejam destruídas ou contaminadas. O nome da Operação faz referência a penitenciária "construída" na Colômbia pelo narcotraficante internacional Pablo Escobar que era cheia de luxos e mordomias.
Investigações - As investigações que resultaram na Operação La Catedral, que prendeu os cinco policiais penais por corrupção, começaram após dois presos fugirem da Unidade Penal Ricardo Brandão pela porta da frente. A fuga “fácil” foi apenas uma das irregularidades encontradas no presídio durante as apurações.
As imagens de uma das fugas foi divulgada nesta manhã. O caso aconteceu no dia 2 de fevereiro. Na imagem do próprio sistema de segurança da unidade é possível ver um dos internos se aproximando da policial penal que cuida da "portaria" do presídio e conversar com ela. Os dois conversam por alguns segundos, até que outro preso se aproxima.
Neste momento, o primeiro suspeito rende a policial, a segura pelo pescoço e abre o portão de entrada da unidade. Em seguida, ele e o colega fogem a pé. Essa não foi a única fuga da unidade no ano passado. Dias depois, em 18 de fevereiro, outro interno escapou sozinho. Em julho, trio de presos saiu do presídio, da mesma maneira que os dois primeiros, pela porta da frente. Em outubro e novembro, as fugas misteriosas de presos continuaram. Assista, abaixo, ao vídeo divulgado de uma das fugas.