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Interior

Filho de traficante morto ontem foi pivô de assassinato de policial em 2005

Alberico Moreira Cavalcante foi morto quando investigava Alysson Dias Marques por vender droga em escola

Helio de Freitas, de Dourados | 10/12/2021 11:08
Filho de traficante forte da fronteira, Alysson foi morto por dois pistoleiros. (Foto: Reprodução)
Filho de traficante forte da fronteira, Alysson foi morto por dois pistoleiros. (Foto: Reprodução)

Alysson Dias Marques, 34, morto ontem (9) por dois pistoleiros, foi pivô da execução do policial civil Alberico Moreira Cavalcante, 51, no dia 29 de agosto de 2005. Com intervalo de 16 anos, os dois foram assassinados em Ponta Porã, a 313 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai.

Na época com 17 anos, Alysson estava sendo investigado pelo policial por suspeita de vender droga na Escola Estadual J.B. Calvoso, em Ponta Porã. Alberico também teria alertado o adolescente para que parasse de fazer a manobra conhecida como “cavalo de pau” pelo centro da cidade.

Esses motivos teriam sido suficientes para o pai de Alysson, o então sargento do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, Ales Marques, 61, determinar a morte do policial civil. Na época, Ales Marques já era conhecido na fronteira como traficante de cocaína.

Lotado na 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã, Alberico estava com a esposa no Bairro Marambaia, quando dois pistoleiros de moto chegaram ao local e dispararam vários tiros de pistola 9 milímetros.

Alberico foi atingido por cinco tiros e a mulher alvejada por dois disparos. Os dois foram socorridos para o Hospital Regional, onde o policial morreu horas depois. A mulher sobreviveu.

Uma semana depois, sete suspeitos de envolvimento na execução de Alberico Cavalcante foram presos em força-tarefa da polícia sul-mato-grossense. Ales Marques só foi implicado como mandante do crime depois.

Em dezembro de 2015, dez anos após a morte, o processo sobre a morte do policial foi transferido para a comarca de Dourados. Havia temor de que a quadrilha pudesse ameaçar e até mandar eliminar os jurados.

Ales Marques acabou condenado a 26 anos de prisão junto com outros sete implicados, mas em 2017, o Tribunal de Justiça acatou recurso da defesa de que o resultado do júri popular contrariou as provas dos autos e determinou novo julgamento, ainda não realizado.

Ales Marques está preso na PED. (Foto: Arquivo)
Ales Marques está preso na PED. (Foto: Arquivo)

Narcotráfico – Preso em julho de 2010 no âmbito da Operação Maré Alta, Ales Marques foi condenado a 22 anos de prisão por tráfico internacional de drogas e à perda do emprego público.

Ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), o então sargento do Corpo de Bombeiros foi apontado como importante fornecedor de cocaína para mercados consumidores de drogas em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

A “personalidade desvirtuada” de Ales Marques foi anotada na sentença condenatória com reprodução de conversa na qual ele afirmou que iria “mostrar quem ele é”, que iria “fazer limpa na fronteira” e não pouparia nem filhos, nem mulheres de seus desafetos.

As investigações revelaram, na época, que Marques, mesmo preso, arquitetava a morte de desafetos e de juízes federais que atuavam nos processos contra ele por tráfico internacional de drogas. Atualmente, Ales Marques cumpre a pena por tráfico na PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

Morto por dois pistoleiros dentro de casa, por volta de 11h de ontem, no Jardim Primavera, em Ponta Porã, Alysson Marques era réu junto com o pai em processo por tráfico de drogas na Justiça Federal. A polícia não se manifestou sobre a execução dele. O boletim de ocorrência foi colocado em sigilo.

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