Há dois meses diarista espera por retirada de aparelho médico do corpo
Após acidente de trânsito, equipamento foi instalado na região da pelve para regeneração de osso fraturado
“Estou desesperada porque tenho três crianças pequenas e moro como minha avó que tem 76 anos e já não aguenta mais tanto esforço para cuidar de mim. Só queria uma posição de quando vou tirar isso, porque não estou mais aguentando”, disse Mayara Ferreira Dornel.
O apelo desesperado é de uma mãe, de 26 anos, que há sete meses não consegue se movimentar e muito menos trabalhar por causa de um fixador externo, aparelho médico, instalado depois de ter sofrido acidente de moto.
O fato aconteceu no dia 26 de março, em Aquidauana, a 141 quilômetros de Campo Grande. No primeiro momento, a motociclista foi encaminhada ao Hospital Regional do próprio município, mas devido à gravidade da situação, precisou ser transferida para a Capital, onde passou por cirurgia, na Santa Casa. “Quebrei a bacia e perdi os movimentos dos joelhos. Foi quando colocaram o fixador para regenerar o osso”, disse a diarista.
De lá para cá, Mayara tem passado por uma verdadeira peregrinação. O tempo de retirada do equipamento, estimado em cinco meses pelos médicos, completa sete meses nesta quarta-feira (26). “Meu retorno era para o mês de agosto, mas quando lá cheguei [Santa Casa] recebi a informação de que não fariam o procedimento e que eu teria que retornar em setembro”, explica.
Foi o que ela fez, porém, o procedimento que seria realizado pelo centro cirúrgico foi novamente adiado. Como ela já estava no local do agendamento, ouviu da equipe médica que seria possível realizar a retirada do ‘ferro’ a seco, ou seja, sem passar por cirurgia. “Eu aceitei, mas não aguentei porque passei mal quando minha pressão subiu. Foi quando fiquei com um restante de ferro e hastes dos dois lados da bacia e o médico me liberou para vir embora para casa”.
Sem poder trabalhar e na maior parte do tempo acamada, Mayara espera por uma posição do hospital para retomar rotina. “Eu não aguento mais, até quando vou ter que esperar com esse fixador dentro de mim? Sinto dores e minha barriga está machucada, já estou sentindo incômodo no meu quadril. Pelo amor de deus, me ajudem”, suplica.
O que diz a Santa Casa – Em nota, a assessoria de comunicação da unidade disse que “a solicitação da cirurgia já está no setor para o agendamento, porém devido a alta demanda das cirurgias eletivas, não é possível definir um prazo para a realização da mesma, e cada caso é avaliado devido a complexidade”.
A instituição acrescenta ainda que quando ela esteve para consulta, foi na mesma época que tiveram a paralisação devido a questão contratual com a Prefeitura, quando estavam sendo reagendadas as consultas e cirurgias eletivas.
Neste momento a Santa Casa de Campo Grande possui 49 pacientes no setor de pré-ortopedia e os centros cirúrgicos encontram-se lotados. As cirurgias eletivas, que é o caso de Mayara, depende de disponibilidade de sala e, com os muitos casos de urgências e emergências, o reagendamento é mais demorado.