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Interior

Indígenas ocupam outra fazenda em palco de massacre há oito anos

Reclamando de lentidão na demarcação, guaranis entraram ontem em propriedade no município de Caarapó

Por Helio de Freitas, de Dourados | 15/07/2024 11:05


Indígenas ocuparam mais uma fazenda no município de Caarapó no fim de semana. Segundo a comunidade, a propriedade fica perto da antiga Fazenda Yvú, onde o agente de saúde Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, 26, foi assassinado e pelo menos outras seis pessoas feridas a tiros, em junho de 2016. O caso ficou conhecido como “Massacre de Caarapó”.

Ainda não há informação concreta do local exato da ocupação, mas as terras fazem parte do “Território Indígena Dourados Amambai Peguá I”, que abrange os municípios de Caarapó, Laguna Carapã e Amambai, identificado por portaria ministerial há oito anos, mas até agora não demarcado.

Vídeo gravado pelos guarani-kaiowá mostra caminhonetes se aproximando do local em disputa e indígenas se escondendo no mato (veja imagens acima).

Em novembro do ano passado, o ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara esteve no local onde existe o “tekoha Kunumi”. Em fevereiro deste ano, a casa de reza da comunidade foi incendiada e até agora o caso não foi esclarecido.

Os guarani-kaiowá reclamam da lentidão no processo demarcatório em Mato Grosso do Sul, escassez de terra para sobrevivência da comunidade e do avanço do agronegócio “que desmata e contamina os rios em processo silencioso de genocídio”.

Também apontam os constantes conflitos com fazendeiros, “gerando ainda mais revolta na comunidade que não vê alternativa a não ser a retomada, colocando suas próprias vidas à frente da defesa e recuperação de seu território tradicional”.

Neste domingo (14), ocorreu outro confronto entre indígenas e proprietários rurais na área Panambi/Lagoa Rica, no município de Douradina. Guarani de 43 anos, identificado como Jonas, foi baleado na perna durante ocupação de parte da fazenda.

Segundo a assessoria jurídica do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), diante do ocorrido em Douradina, os guarani-kaiowá de Caarapó decidiram retomar outra área naquele município, cansados de esperar resposta do Estado brasileiro quanto à demarcação de seu território. Afirmam que no local já existe aglomeração de caminhonetes com homens armados e cobram a presença da Polícia Federal e da Força Nacional.

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