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Interior

Índios ameaçam guerra a terroristas por sequestro de empregado de político

Adelio Mendoza, levado com ex-vice-presidente do Paraguai, é da comunidade Pãi Tavyterã

Helio de Freitas, de Dourados | 10/09/2020 14:21
Leticia Valiente, esposa de Adelio Mendoza, que foi sequestrado na fronteira (Foto: ABC Color)
Leticia Valiente, esposa de Adelio Mendoza, que foi sequestrado na fronteira (Foto: ABC Color)

Índios paraguaios que habitam áreas entre os Departamentos de Concepción e Amambay, perto da fronteira com Mato Grosso do Sul, ameaçam declarar guerra ao grupo terrorista EPP (Exército do Povo Paraguaio) por causa do sequestro de um membro da comunidade Pãi Tavyterã, o peão Adelio Mendonza, de 21 anos.

Levado ontem (9) pelos guerrilheiros junto com o patrão, o ex-vice-presidente do Paraguai Óscar Denis Sánchez, Adelio trabalha na fazenda Tranquerita, onde ocorreu o sequestro. A propriedade fica a 60 km da Linha Internacional que separa o Paraguai de MS.

Leticia Valiente, esposa de Adelio, apelou aos sequestradores para que libertem seu marido e o ex-político. Segundo ela, a comunidade está se organizando e se não forem soltos, vão entrar na mata atrás dos guerrilheiros para resgatar os reféns.

A mulher disse que Adelio trabalha há três anos como campeiro na fazenda de Óscar Denis, mas seus familiares são empregados no local há oito anos. O rapaz nasceu na comunidade Ita Jeguaka, mas reside com a família na comunidade Ita Guasu, do povo “Pãi Tavyterã”.

Adelio Mendoza, também sequestrado pelo EPP (Foto: Última Hora)
Adelio Mendoza, também sequestrado pelo EPP (Foto: Última Hora)

Osmar Valenzuela, perito linguístico que trabalha com o Poder Judiciário paraguaio, afirma que a tribo Pãi Tavyterã chama Óscar Denis Sánchez de “grande pai”, por ele empregar 90% da comunidade.

Digna Morilla, porta-voz da comunidade, afirmou que a mãe de Adelio recebeu ligação de número desconhecido informando que o rapaz “não está bem”. Segundo ela, os índios deram prazo de 24 horas para a libertação dos reféns, caso contrário vão iniciar protestos e buscas para resgatá-los.

Morilla lamentou a existência da “brigada indígena” que teria sequestrado Adelio e Óscar Denis, e disse que o grupo é formado por índios levados pelos guerrilheiros ainda pequenos. “Eles querem tomar posse das matas, mas as matas são dos índios”, afirmou ela em entrevista à rádio 570 AM.

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