Índios ameaçam guerra a terroristas por sequestro de empregado de político
Adelio Mendoza, levado com ex-vice-presidente do Paraguai, é da comunidade Pãi Tavyterã
Índios paraguaios que habitam áreas entre os Departamentos de Concepción e Amambay, perto da fronteira com Mato Grosso do Sul, ameaçam declarar guerra ao grupo terrorista EPP (Exército do Povo Paraguaio) por causa do sequestro de um membro da comunidade Pãi Tavyterã, o peão Adelio Mendonza, de 21 anos.
Levado ontem (9) pelos guerrilheiros junto com o patrão, o ex-vice-presidente do Paraguai Óscar Denis Sánchez, Adelio trabalha na fazenda Tranquerita, onde ocorreu o sequestro. A propriedade fica a 60 km da Linha Internacional que separa o Paraguai de MS.
Leticia Valiente, esposa de Adelio, apelou aos sequestradores para que libertem seu marido e o ex-político. Segundo ela, a comunidade está se organizando e se não forem soltos, vão entrar na mata atrás dos guerrilheiros para resgatar os reféns.
A mulher disse que Adelio trabalha há três anos como campeiro na fazenda de Óscar Denis, mas seus familiares são empregados no local há oito anos. O rapaz nasceu na comunidade Ita Jeguaka, mas reside com a família na comunidade Ita Guasu, do povo “Pãi Tavyterã”.
Osmar Valenzuela, perito linguístico que trabalha com o Poder Judiciário paraguaio, afirma que a tribo Pãi Tavyterã chama Óscar Denis Sánchez de “grande pai”, por ele empregar 90% da comunidade.
Digna Morilla, porta-voz da comunidade, afirmou que a mãe de Adelio recebeu ligação de número desconhecido informando que o rapaz “não está bem”. Segundo ela, os índios deram prazo de 24 horas para a libertação dos reféns, caso contrário vão iniciar protestos e buscas para resgatá-los.
Morilla lamentou a existência da “brigada indígena” que teria sequestrado Adelio e Óscar Denis, e disse que o grupo é formado por índios levados pelos guerrilheiros ainda pequenos. “Eles querem tomar posse das matas, mas as matas são dos índios”, afirmou ela em entrevista à rádio 570 AM.