Índios ampliam invasões e carro de morador é atingido por lança
Proprietário de um dos sítios ocupados em Dourados deixava propriedade quando teria sido atacado; donos de áreas preparam ação coletiva para pedir reintegração de posse
Mais barracos surgiram na manhã desta sexta-feira (11) nos sítios ocupados por índios nos arredores da reserva de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Pelo menos cinco propriedades localizadas entre o anel viário e as aldeias estão ocupados. Os índios ocupam também terrenos particulares nos fundos do residencial Monte Carlo, no perímetro urbano.
Ontem à tarde, o carro de um dos proprietários das áreas ocupadas foi atingido por uma lança, supostamente jogada por um dos índios que estão no local. Ele deixava o sítio para levar a filha até o terminal rodoviário quando teria sido atacado. Ninguém ficou ferido e mesmo com a lança cravada no para-brisa ele seguiu viagem.
Casa saqueada - Vanilda Alves Valentim, 32, proprietária do sítio Bom Futuro, disse hoje ao Campo Grande News que desde segunda-feira (7) não vai até sua casa. “Só Deus sabe como está minha casa. Vizinhos falaram que viram pessoas saindo de lá carregando sacos com minhas coisas. Estou na casa da minha mãe, ainda bem que tenho ela, senão estaria na rua”.
Ela disse que os índios iniciaram a ocupação no sábado à tarde. Na madrugada de domingo ela deixou o local e voltou na segunda, mas temendo ser atacada, Vanilda, o marido e os filhos pequenos abandonaram a propriedade.
“Policiais militares foram ao local e os índios correram atrás deles. Falamos com o DOF e o comandante nos orientou a não voltar ao local. Agora, não sabemos o que fazer”, afirmou a moradora.
Reintegração de posse – O filho da proprietária de um dos sítios invadidos disse hoje ao Campo Grande News que os moradores já contrataram um advogado, que está reunindo documentos para entrar na Justiça com o pedido de reintegração de posse.
O homem, que pediu para não ter seu nome divulgado, disse que os moradores estão indignados com a presença, ontem à noite, da relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz. Ela foi a um dos acampamentos montados nas áreas invadidas.
“Não queremos acreditar que uma organização tão séria e respeitada como a ONU faça esse papel, mas está claro que foi coisa arquitetada. As áreas são invadidas e menos de uma semana depois essa relatora vem no local. Enquanto isso o governo federal e a Polícia Federal não falam nada”, afirmou ele.