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Interior

Médica paraense é única de fora a assumir vaga de cubanos

Alessandra Bacciotti é dos seis profissionais já contratados na segunda maior cidade de MS após fim do contrato com Cuba; quatro são douradenses e uma médica veio de Ponta Porã

Helio de Freitas, de Dourados | 27/12/2018 09:06
Alessandra Bacciotti atende paciente na Unidade Básica de Saúde do Jóquei Clube, em Dourados (Foto: Divulgação)
Alessandra Bacciotti atende paciente na Unidade Básica de Saúde do Jóquei Clube, em Dourados (Foto: Divulgação)

Quarenta e três dias após Cuba anunciar saída do programa brasileiro Mais Médicos, em retaliação a declarações do presidente eleito Jair Bolsonaro, três das nove vagas abertas com a partida dos cubanos ainda não foram preenchidas em Dourados, a 233 km de Campo Grande.

Dos seis profissionais já em atividade nas unidades de saúde pública, apenas duas médicas são de outras cidades e só uma delas é de fora de Mato Grosso do Sul. A outra veio de Ponta Porã.

Quatro médicos já moravam em Dourados – dois deles inclusive já atendiam pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e aproveitaram a abertura das inscrições para mudar o vínculo empregatício.

O Campo Grande News conversou com a única médica de fora de Mato Grosso do Sul a assumir vaga dos cubanos na segunda maior cidade do estado.

Alessandra Marques Bacciotti, 40, está há 13 dias em Dourados e atende na Unidade Básica de Saúde do Jóquei Clube, na região leste, um dos bairros mais afastados do centro.

Formada em agosto deste ano na Universidade Federal do Pará, ela deixou Belém para trabalhar em Dourados, a 3.000 km, à procura de qualidade de vida e para ficar mais perto da mãe, que mora em Campo Grande.

“Escolhi Dourados porque eu só consegui me inscrever no segundo dia e Dourados era um dos municípios disponíveis naquele dia. Estava impossível conseguir se inscrever no primeiro dia. Não conseguia ter acesso ao site. Sempre dava erro, até que consegui por volta das 20h, depois de tentar por dois dias inteiros”, conta Alessandra.

A médica disse que além de ficar mais perto da mãe, ela optou por morar em uma cidade mais tranquila, com maior qualidade de vida, “e que tivesse a possibilidade de futuramente me estabelecer profissionalmente quando o programa acabar pra mim, pois só posso ficar por três anos”.

Confiante de que Dourados poderá lhe propiciar qualidade de vida, Alessandra disse que está gostando de trabalhar na cidade. “Fui muito bem recebida pelos servidores da Secretaria de Saúde quando me apresentei, incluindo o secretário e os funcionários do posto de saúde do Jóquei Clube, local para onde fui designada”.

Apesar de todas as dificuldades das unidades de saúde pública da cidade, Alessandra elogiou a estrutura. “Achei a unidade organizada e estruturada, oferece serviço médico e odontológico de qualidade aos usuários do SUS. Os pacientes estão me aceitando muito bem, demonstram estar gostando da minha presença”.

Questão política – Sobre os fatos políticos que levaram à saída de Cuba do programa Mais Médicos, Alessandra evita polemizar e diz que o momento é de buscar melhorias na saúde pública e mais qualidade de vida para a população, incluindo os médicos.

“Substituir os cubanos não é o ponto principal, pois eles são bons profissionais e estavam trabalhando em situações não justas, não recebiam integralmente a bolsa. Esse é o ponto que acaba potencializando a vertente do programa Mais Médicos: uma bolsa de estudo justa e necessária para o médico poder trabalhar e estudar”.

Segundo ela, no Brasil há bons profissionais para atender a população, mas o país tem um território continental, o que dificulta a fixação dos médicos.

“São vários os motivos para essa dificuldade, como carga excessiva de trabalho, salários baixos, locomoção, distância dos grandes centros, o que dificulta para fazer especializações. Sem contar a distância da família”, afirma Alessandra.

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