MPE investiga morte de bebê após parto em Sete Quedas
Casal denunciou a perda do filho para que outras famílias não vivam mesmo sofrimento
Raquel Ribeiro dos santos, 32 anos, e Rafael Henrique de Souza Algozo, 35 anos, se prepararam para o momento mais importante da vida deles. Compraram berço, fizeram enxoval, ela fez pré-natal. Tudo estava bem para receber Eric, o primeiro filho do casal. O que seria a alegria para os dois tornou-se uma dor sem nome. Cerca de duas horas após o parto, sem o bebê ter sido mostrado à mãe, veio a informação de que o neném tinha morrido.
Os dois não se conformaram e levaram o caso à Polícia Civil de Sete Quedas e ao Ministério Público, para que investiguem o hospital mantido pela Prefeitura. Essa dor se arrasta desde fevereiro. Na semana passada o promotor local, Leonardo Dumont Palmerston, publicou a instauração de inquérito civil.
Os pais dizem que resolveram não silenciar para que o drama não se repita com outras famílias. “Não quero que outra pessoa passe pelo que a gente passou”, diz Raquel. Ela conta que o parto foi realizado por enfermeiras, sem a presença de médico. O bebê se mexeu até o último minuto, disse.
O casal passou horas no hospital e tudo parecia normal, com as contrações, o rompimento da bolsa, entretanto Rafael não pôde ficar junto durante o procedimento. Disse que foi encaminhado para fora da sala. Duas horas depois, sem poder ver o bebê, a mãe questionou. Foi quando recebeu a notícia de que o neném não tinha vida. Segundo ela, a informação só chegou porque ela questionou a ausência do filho.
Raquel não conseguiu ver Eric, mas Rafael fez questão de ver. Disse que não havia nenhum sinal aparente de problemas com o bebê. Ele questionou a agilidade em chamar os serviços funerários para retirá-lo do hospital. Disse que a informação que lhe repassaram foi que ele nasceu sem vida.
Raquel conta que chegou a receber recomendação de moradores de Sete Quedas para fosse realizar o parto fora da cidade, mas como todo o acompanhamento demonstrava normalidade, não viu risco para dar à luz o bebê na cidade, escolha que acabou trazendo perda e dor.
Ela já tem duas filhas, seria o primeiro filho do casal. Rafael contou que precisou devolver os móveis. O enxoval é uma lembrança da preparação para a chegada do menino. Raquel atribui a morte do bebê à falta de cuidado no serviço de saúde. “Culpo muito eles”. Na conversa com Rafael é possível perceber muita revolta e consternação com a perda do “moleque”.
Ele complementa que chegou a dizer às enfermeiras que fosse feita cesárea se fosse difícil retirar o bebê por parto natural. Primeiro, disseram que tudo tinha dado certo e mãe e bebê estavam bem e, depois, foi informado que já não havia mais o que fazer pela criança, que tinha nascido morta.
Assim como a esposa, ele não aceita silenciar sobre o que ocorreu, para que a história não se repita. O casal planeja tentar de novo ter um bebê, só que dessa vez, Raquel diz que não quer fazer o parto na cidade.
Investigação – A reportagem não conseguiu obter detalhes da investigação do Ministério Público, porque o acesso aos documentos é fechado. Por meio da assessoria de imprensa, a Promotoria divulgou que já recebeu informações e documentos do hospital e agora espera a manifestação da Prefeitura.
A Polícia Civil também confirmou existência de registro de ocorrência sobre a morte do bebê. Já a Prefeitura divulgou que não iria se manifestar porque se refere a um caso que corre em sigilo.