Onda de crimes com seis assassinatos em Itaquiraí começou com tapa na cara
Lucas Alexandre Fogaça de Oliveira, morto a tiros hoje na BR-163, é a mais recente vítima da guerra entre grupos rivais
A onda de assassinatos que teve mais um capítulo nesta quinta-feira (4) aterroriza Itaquiraí, cidade de 18 mil habitantes a 410 km de Campo Grande. Lucas Alexandre Fogaça de Oliveira, 23, morto a tiros por pistoleiros quando seguia de carro com uma mulher e uma criança de dois anos pela BR-163, é a sexta vítima dessa guerra iniciada após um tapa no rosto por motivos banais, em 2018.
O pivô da matança, um adolescente que aos 16 anos tinha matado assassinado quatro pessoas, já está morto. Matheus José Fogaça Ribeiro foi executado com dois tiros de pistola 9 milímetros na nuca e deixado numa estrada rural na região do Rio Tormenta, no município de Três Barras, no Paraná. O corpo foi encontrado no dia 22 do mês passado.
A reportagem apurou que tudo começou durante a campanha eleitoral de 2018. Matheus brigou com o comerciante Alécio Favaro Júnior, 34, e o ameaçou com a arma. O amigo dele desferiu um tapa no rosto de Alécio, que não reagiu. Mesmo tendo apenas 15 anos de idade na época, Matheus já era acusado de matar dois homens na cidade.
Tiroteio em casa noturna – Na madrugada de 23 de dezembro, no Brutus Bar, casa noturna mais frequentada de Itaquiraí, outro pistoleiro conhecido na cidade, Francisco Antônio de Lima, 55, o “Chico Bala”, bebia no local quando se deparou com o amigo de Matheus, Marcos Vinícius Müller, 30, que tinha dado o tapa em Alécio. Marcos morava em Querência do Norte (PR).
Armado, Chico Bala chamou Marcos para o lado de fora do bar para conversar. “Não se bate na cara de homem”, teria dito o veterano pistoleiro antes de sacar a arma e matar Marcos com tiros nas costas.
Quando se aproximava para conferir se o homem estava morto, Chico Bala foi alvejado por vários tiros disparados pelo amigo de Marcos, João Vitor Gomes, 22, conhecido como “Catarino”.
Depois de executar o pistoleiro Chico Bala, Catarino voltou para Querência do Norte, onde ficou escondido até 17 de abril deste ano. Descoberto pela polícia paranaense, Catarino reagiu e foi morto a tiros. Com ele a polícia encontrou uma pistola com 15 munições.
Alécio Favaro Júnior, o comerciante que levou o tapa no rosto, foi executado a tiros no dia 25 de maio deste ano quando lavava a varanda da casa, ao lado do mercado de sua propriedade. Ferido nas costas e na cabeça, Alécio morreu no local.
Matheus Fogaça foi apontado como o autor do assassinato de Alécio. Três dias depois, Alyson de Melo Prudente, 30, foi até a casa de Matheus, no Jardim Primavera, para vingar a morte de seu amigo Alécio.
Alyson entrou na casa de arma em punho e apontou o revólver para um irmão do adolescente. Escondido atrás da porta, Matheus disparou um tiro na barriga de Alyson, que conseguiu deixar o local de carro com o amigo que o acompanhava. Entretanto, em seguida Alyson morreu e o amigo abandonou o corpo na estrada do Assentamento Lua Branca.
A história que corre na cidade é que o pai de Matheus, Vilmar Fogaça da Silva, 43, teria ajudado o filho a matar Alyson. Vilmar foi executado a tiros de pistola 9 milímetros dentro de seu carro, no centro de Itaquiraí, no dia 13 de junho passado. Oito dias depois, Matheus foi executado no Paraná.
Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que Lucas foi morto hoje porque o grupo rival suspeita da participação dele nos assassinatos praticados por Matheus.