Ordem para assassinar rival de facção saiu da Máxima de Campo Grande
Anderson Martins, o “Tana”, foi executado por vingança pela morte de liderança do PCC em Dourados
Partiu do Presídio “Jair Ferreira de Carvalho”, a Máxima de Campo Grande, a ordem para execução do ex-presidiário Anderson Barbosa Martins, 43, o “Tana”, ocorrida na noite de segunda-feira (31) em Dourados, a 251 km da Capital.
Preso identificado como “Rian”, um dos líderes estaduais do Primeiro Comando da Capital, teria dado a ordem para o assassinato de Anderson, apontado como suposto integrante do Comando Vermelho, facção rival do PCC.
Anderson Martins foi vítima do chamado “tribunal do crime” por ser apontado como um dos envolvidos no assassinato de Edson de Souza Alencar, 45, o "Edinho Cadeirante", ocorrido na madrugada de 10 de julho deste ano. Ele foi alvejado por 28 tiros de pistola 9 milímetros.
Executado por dois pistoleiros de moto quando estava em frente a um bar localizado na Avenida Hayel Bon Faker – mesma região onde Anderson morava e foi morto – Edinho Cadeirante era um dos principais líderes do PCC na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Postagens em redes sociais mostram que Anderson “Tana” frequentava o mesmo bar onde Edinho foi morto (como mostra a foto abaixo). Entretanto, até agora a polícia não revelou qual a ligação de Anderson na morte de Edinho Cadeirante.
Não levou ameaças a sério – Em depoimento à polícia, a companheira de Anderson disse ter conhecimento que ele estava jurado de morte por ser acusado de ligação no assassinato de Edinho. Entretanto, ele teria negado qualquer envolvimento do crime e também negava ser membro de facção criminosa.
Segundo ela, Anderson trabalhava atualmente com assistência de celulares e não levava a sério os boatos de que estava jurado de morte. Ela afirmou que mesmo ameaçado, ele circulava tranquilamente pela cidade.
Foto do morto – A participação de “Rian” na morte de Anderson foi revelada por um dos suspeitos ouvidos pela polícia. Em depoimento ao SIG (Setor de Investigações Gerais), o homem, também integrante do PCC, negou participação na execução de Anderson, mas confirmou que tinha sido procurado pelo preso da Máxima para que matasse o inimigo da facção.
Esse faccionado disse que horas após a morte de Anderson, “Rian” mandou mensagem por aplicativo de conversa informando que o alvo já tinha sido eliminado. Ele também mandou uma foto de “Tana” morto, feita pelos pistoleiros ainda na casa da vítima.
Três homens e duas mulheres estão presos pela morte de Anderson “Tana”. Um dos atiradores, no entanto, ainda está sendo procurado pela polícia.
Na audiência de custódia, ontem à tarde, o juiz da 3ª Vara Criminal, Ricardo da Mata Reis, decretou a prisão preventiva de João Lucas Dias dos Santos, 22, de Ana Valéria Moraes dos Santos, 31, a “Guerreira”, de Regina Gonçalves da Silva, 35, de Eduardo Josias Monteiro da Silva, 27, o “Gago”, e de Janderson Gonçalves Vilhalva, 19, o “De Verdade”. Todos são integrantes do PCC.
As duas mulheres deram apoio à ação para matar Anderson “Tana”. Regina foi presa no terminal rodoviário de Dourados quando tentava fugir para Campo Grande com os filhos pequenos. As duas armas do crime foram encontradas nos fundos do quintal da casa dela, no residencial Dioclécio Artuzi – reduto do PCC na região sul de Dourados.
Apontada por Regina como uma das mentoras do assassinato, Ana Valéria foi presa no Jardim Guaicurus, mesma região da cidade.
João Lucas e Eduardo monitoraram a casa da vítima e levaram as armas e os pistoleiros. Janderson, apontado como “disciplina” da facção na reserva indígena de Dourados, foi um dos atiradores.
O outro atirador, identificado como Vitor Cesar Figueiredo Gonçalves, ainda está foragido. Vitor mora na Rua Uirapuru, no Jardim Rasselen, a dois quarteirões da quitinete onde Anderson foi morto.
“Tana” deveria ter sido assassinado na noite de sábado (29). Entretanto, um dois dos matadores designados pela facção para cumprir a missão teria revelado os planos para a vítima. A dupla foi então substituída por Janderson e Vitor Cesar.