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Interior

Polícia constatou desmate de 100 hectares em fazenda onde grupo era escravizado

Entre os 15 trabalhadores que eram explorados na Fazenda Salto, oito eram adolescentes com idades entre 15 a 17 anos

Adriano Fernandes | 05/12/2020 19:30
Cozinha que foi improvisada em mangueiro. (Foto: Divulgação)
Cozinha que foi improvisada em mangueiro. (Foto: Divulgação)

A Fazenda Salto onde 15 trabalhadores, entre eles 8 adolescentes com idades entre 15 a 17 anos, viviam em condição análoga à escravidão tem mais de 105 hectares de floresta desmatada de forma ilegal, conforme apurou a força-tarefa que esteve no local, durante esta semana. Grande quantidade de toras e postes de aroeira, madeira que é protegida por lei também foram localizadas.

A propriedade tem 3 mil hectares e fica na zona rural de Nioaque, município a 179 quilômetros de Campo Grande. O gerente da fazenda, Valdecir Rossi, que foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, pagou fiança e foi liberado no mesmo dia. Ele foi abordado pelas autoridades que foram conferir a situação.

Vítimas moravam no mangueiro e dormiam em camas improvisadas. (Foto: Divulgação)
Vítimas moravam no mangueiro e dormiam em camas improvisadas. (Foto: Divulgação)

No local os agentes da Polícia Militar, PMA (Polícia Militar Ambiental) e Polícia Civil além dos fiscais do MPT/MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul), encontraram os trabalhadores em situação degradante, conforme mostram imagens adquiridas pela reportagem.

As vítimas moravam em um mangueiro e dormiam sobre camas improvisadas feitas com troncos de madeira. A estrutura era cercada de lona e os moradores também não tinham estrutura adequada sequer para tomar banho.

O chuveiro ficava exposto ao relento e um dos banheiros ficava à beira de uma mata, não tinha vaso sanitário e era cercado por lonas.

Diante da situação os trabalhadores, que são paraguaios, foram resgatados e todo o tramite para regularizar a situação deles foi viabilizada pelo MPT.

O caso - A força-tarefa foi à área depois da divulgação de vídeos em que trabalhador que operava a máquina pesada chegava a citar o nome do governador Reinaldo Azambuja como responsável por autorizar a retirada ilegal de madeira, que era incendiada e enterrada.

Local onde os trabalhadores estendiam as suas roupas. (Foto: Divulgação)
Local onde os trabalhadores estendiam as suas roupas. (Foto: Divulgação)

Ele foi localizado e identificado como Danielson de Aguiar Oliveira, 34 anos. Admitiu a autoria dos vídeos, e detalhou como foi enterrada a madeira.

À polícia, Danielson citou que os contratantes do serviço irregular eram os arrendatários  Wanderley Rodrigues da Costa e Wanilton Rodrigues da Costa, que são irmãos. Ambos não foram localizados.

A área em questão fica na divisa entre duas propriedades, as fazendas Salto e Morro Azul e que se tratavam dos mesmos arrendatários responsáveis pela fazenda Vaticano. Ao Campo Grande News, a defesa dos dois citados como arrendatários disse que não são eles os responsáveis legais pela fazenda onde houve o desmatamento. Eles são irmãos da responsável, identificada como Maisa Rodrigues da Costa.

A defesa dos acusados diz que o serviço prestado na fazenda foi terceirizado e que o responsável é Serafin Gonçalves da Silva, que não foi localizado pelo Campo Grande News. 

Trabalhadores que eram explorados na propriedade. (Foto: Divulgação)
Trabalhadores que eram explorados na propriedade. (Foto: Divulgação)


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