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Interior

Polícia investiga incêndio que destruiu casa de candomblé

Residência foi incendiada na noite de segunda e caso denunciado hoje na delegacia em Dourados

Por Helio de Freitas, de Dourados | 05/06/2024 11:03
Perita da Polícia Civil em terreiro de candomblé incendiado em Dourados (Foto: Leandro Holsbach)
Perita da Polícia Civil em terreiro de candomblé incendiado em Dourados (Foto: Leandro Holsbach)

A Polícia Civil está investigando suspeita de incêndio criminoso por intolerância religiosa contra uma casa de candomblé localizada em Dourados, a 251 km de Campo Grande. O Terreiro “Ailé Asé Alaketú Apó Asumaré Obaluayé” foi atingido pelo fogo na noite de segunda-feira (3), mas somente na manhã de hoje foi denunciado na 2ª Delegacia de Polícia.

O boletim de ocorrência foi registrado por Rafael Conceição da Silva, 26, o “Babalorixá Rafael Ty Osumaré”. O terreiro fica na Rua Antonio do Amaral, no Jardim João Paulo II, região leste da cidade.

Rafael contou que após a morte do guia espiritual “Pai José Luiz”, há cerca de um ano, ele começou a trabalhar no terreiro. Na segunda-feira, após encerrar o atendimento ao público, por volta de 23h, fechou as portas e janelas como de costuma e foi para sua casa, no mesmo bairro. Segundo ele, as redes hidráulica e elétrica do espaço estavam funcionando normalmente.

Por volta de meia-noite, Rafael recebeu ligação do primo informando que o terreiro estava em chamas e equipes do Corpo de Bombeiros trabalhavam para controlar o fogo. O babarolixá foi até o local entregou a chave do imóvel aos bombeiros, para apagar as chamas do lado de dentro.

Segundo Rafael, no quarto onde começou o fogo tem somente uma lâmpada e que a vidraça da janela estava quebrada. Com ajuda da comunidade, o local foi preservado para ser periciado, o que ocorreu na manhã de hoje.

“O fogo destruiu tudo. É triste, porque é herança de família. E não foi a primeira vez. Neste ano, tacaram fogo no mato e tivemos de cancelar a ‘Festa de Maria Mulambo’ [tradicional entre religiões de matrizes africanas]”, afirmou Rafael. “Nunca imaginei passar por isso. Respeito todas as religiões e tenho amizade com todo mundo”.

Lei sancionada em janeiro de 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê pena de 2 a 5 anos para quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas.

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