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Interior

Polícia investiga mensagens enviadas de celular de médico assassinado

Existe suspeita de que assassino tenha enviado mensagens se passando por Gabriel Rossi

Helio de Freitas, de Dourados | 04/08/2023 10:13
Print de mensagem enviada do celular de Gabriel Rossi no sábado, um dia após ele sumir (Foto: Reprodução)
Print de mensagem enviada do celular de Gabriel Rossi no sábado, um dia após ele sumir (Foto: Reprodução)

A polícia investiga se os assassinos do médico Gabriel Paschoal Rossi se passaram por ele em conversas através do aplicativo WhatsApp. Gaúcho de Santa Cruz do Sul (RS), o rapaz de 29 anos estava desaparecido há 5 dias e foi encontrado morto ontem de manhã em Dourados, a 251 km de Campo Grande.

As mensagens foram enviadas entre a noite de sexta-feira (28) e a manhã do dia seguinte. Colegas de trabalho dele nas unidades de saúde de Dourados afirmaram que Gabriel desapareceu na sexta-feira.

Pelo estado em que o corpo foi encontrado, a polícia acredita que a morte tenha ocorrido no mesmo dia do desaparecimento. Como o celular continuou sendo usado para enviar e responder mensagens, a suspeita é de que os assassinos conseguiram a senha do aparelho.

Em uma das conversas, a pessoa que usava o celular pediu para o interlocutor arrumar R$ 5 mil emprestados, prometendo pagar R$ 6 mil quatro dias depois. Ele disse que o dinheiro seria para o tio. Geralmente, essa tática é usada por golpistas para extorquir dinheiro através de mensagens enviadas de celular clonado.

Em outra mensagem, Gabriel, ou a pessoa que se passava por ele, fala que estava em Nova Andradina, mas iria para Dourados, para conversar com homem que o estaria ameaçando (veja print da conversa acima). Os prints revelam também que havia preocupação da pessoa que usava o celular em pedir para os contatos de Gabriel apagarem as conversas.

Amigos do médico afirmam que a linguagem usada pela pessoa nas conversas não seguia o padrão adotado por Gabriel. Esse fato chamou a atenção dos colegas. Eles passaram a desconfiar que, talvez, outra pessoa estivesse respondendo as mensagens.

Conversa em que celular foi usado para pedir dinheiro (Foto: Reprodução)
Conversa em que celular foi usado para pedir dinheiro (Foto: Reprodução)

O corpo de Gabriel foi encontrado sobre a cama de uma casa de temporada localizada na Rua Clemente Rojas, na Vila Hilda, na região sul de Dourados. O carro dele, um HB20 prata, estava estacionado em frente.

A perícia da Polícia Civil encontrou manchas de sangue na parede e sinais de estrangulamento. Um saco plástico azul encontrado no quarto teria sido usado no sufocamento. Os pés e as mãos de Gabriel estavam amarrados com fios, mas há indício de que os assassinos tenham feito isso após a morte, para forjar a cena do crime.

O caso está a cargo do Setor de Investigações da Polícia Civil. Ontem, o delegado Erasmo Cubas citou as conversas de WhatsApp do celular de Gabriel, mas evitou entrar em detalhes para não atrapalhar o andamento da investigação.

Na noite desta sexta-feira (4), o corpo de Gabriel será levado para a unidade I da UFGD (Rua João Rosa Góes, na Vila Progresso), para homenagem ao jovem médico, formado pela instituição em março deste ano. Depois, o corpo será levado para Santa Cruz do Sul, onde mora a família do rapaz.

Perito examina carro de médico em frente ao local onde corpo foi encontrado (Foto: Adilson Domingos)
Perito examina carro de médico em frente ao local onde corpo foi encontrado (Foto: Adilson Domingos)

Desaparecimento e morte – Gabriel desapareceu após sair do plantão na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), na sexta-feira (28). No dia seguinte, não apareceu para trabalhar no hospital onde estava de plantão. Natural do Rio Grande do Sul, ele se formou em medicina na UFGD em março deste ano.

O carro dele, um HB20 prata, estava estacionado em frente à casa, alugada por temporada. Nos últimos dias, vizinhos ficaram intrigados com o veículo parado ali. Uma moradora se aproximou e conseguiu ver que dentro do veículo havia um jaleco usado por profissionais de saúde.

Na noite de quarta-feira (2), ao passar pelo corredor perto da casa, ela sentiu forte mau cheiro e percebeu concentração de moscas. Ontem cedo, a irmã mandou mensagem perguntando se ela estava sabendo do médico desaparecido. No ato, a moradora pensou no carro parado ali há dias e com jaleco dentro. “Saí correndo e liguei para a Polícia Militar. Passei o número da placa e eles [PMs] disseram que era o carro do médico”, contou ela.

Ontem, ainda no local do crime, o delegado Erasmo Cubas informou que a última localização do carro foi retornando de Ponta Porã para Dourados, ou seja, o veículo não esteve em Nova Andradina, como diziam as mensagens.

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