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Interior

Polo de saúde indígena é “cemitério” de carros que deveriam atender aldeias

Índios ocupam prédio do Dsei em Dourados desde ontem e querem demissão de chefe local

Helio de Freitas, de Dourados | 04/05/2021 16:15
Polo de saúde indígena é “cemitério” de carros que deveriam atender aldeias
Sem manutenção, carros apodrecem no polo-base de saúde indígena (Foto: Direto das Ruas)

Ocupado há quase 40 horas por lideranças indígenas que exigem a demissão da chefe local Sidneide Alves Boa Sorte, o polo-base do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) de Dourados (a 233 km de Campo Grande) se tornou “cemitério” de veículos que apodrecem ao relento.

Caminhonetes, motos, carros de passeio, kombis e ambulâncias que deveriam estar rodando nas aldeias para atender os índios estão abandonadas no pátio do prédio do Dsei, localizado na Avenida Joaquim Teixeira Alves.

A denúncia foi feita ao Campo Grande News pelos índios que ocupam o local desde ontem cedo. Eles exigem a demissão de Sidneide Alves.

Os manifestantes apontam “gestão desastrosa” de Sidneide à frente da saúde indígena na mais populosa reserva de Mato Grosso do Sul, com pelo menos 18 mil pessoas e acusam a chefe local de perseguir trabalhadores indígenas e de manipular membros da comunidade para conseguir apoio.

Veja o vídeo:

“Enquanto faltam veículos para os trabalhadores de saúde atender a comunidade, existe um cemitério de carros nos fundos do polo. Alguns carros são novos e outros se acabaram no tempo”, afirma a liderança dos índios, que pediu para não ter o nome divulgado.

Segundo ele, o desleixo da chefia local do Dsei com a frota de veículos é só um dos problemas causados pela atual gestão. “Estamos cansados dessa omissão e desse descaso por falta de veículos para socorrer o povo indígena e quando a gente chega no polo-base se depara com esse cemitério de carros aqui no fundo, por incompetência da gestão”, afirmou o líder indígena.

Os índios afirmam que até agora a coordenação do Dsei em Mato Grosso do Sul não mandou representantes para negociar a desocupação do prédio. Hoje, eles comunicaram o caso ao MPF (Ministério Público Federal) e reafirmaram que só vão desocupar o prédio quando Sidneide sair da chefia local.

No comunicado ao MPF, as lideranças afirmaram que apenas ocuparam o prédio e que os funcionários ficaram livres para continuar atendendo.

Entretanto, hoje de manhã, a chefia dispensou os servidores e suspendeu o atendimento na aldeias. “Mandaram fechar até os postos de saúde, para colocar a culpa em nosso movimento, mas isso não é verdade, não impedimos o trabalho de ninguém”, afirmou um dos líderes.

Médicos e enfermeiros foram hoje de manhã para o polo, mas não conseguiram se deslocar até as aldeias. Apenas Sidneide Alves tem autonomia para liberar os carros que levam as equipes até a área indígena. Funcionários dos postos que moram nas aldeias decidiram ficar nas unidades para atender casos emergenciais.

Estradas – Os índios afirmam que se até amanhã (5) a coordenação estadual do Dsei não se manifestar sobre as reivindicações, o movimento será ampliado para outras regiões do Estado com bloqueio de rodovias.

“Não é o que queremos, mas se não tiver resposta até amanhã, vamos para as BRs”, anunciou a liderança. Segundo ele, o MPF também foi comunicado.

O Campo Grande News procurou Sidneide Alves Boa Sorte, mas ela disse que apenas o Dsei irá se manifestar sobre o caso. A reportagem tenta desde ontem uma resposta do distrito sanitário sobre o protesto em Dourados. Até agora não houve manifestação do órgão, que faz parte da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), vinculada ao Ministério da Saúde.

Polo de saúde indígena é “cemitério” de carros que deveriam atender aldeias
Motos desmontadas no pátio do polo-base de saúde indígena em Dourados (Foto: Direto das Ruas)


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