Quadrilha de irmãos traficantes exportava cocaína escondida em colchões
PF encontrou cem colchões com compartimento para esconder droga em depósito do Comando Vermelho no Rio
A Polícia Federal descobriu que a organização criminosa investigada no âmbito da Operação Sanctus, deflagrada no dia 8 de dezembro do ano passado, usava colchões para esconder cocaína destinada ao exterior.
A droga saía da fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul escondida em pneus de caminhões, era descarregada em barracão da quadrilha em Maricá (RJ) e depois acondicionada dentro dos colchões, despachados de navio para outros países.
Da fronteira com o Paraguai até o Rio de Janeiro, a remessa era feita pela organização chefiada pelos irmãos Hermógenes Aparecido Mendes Filho, 49, e Ronaldo Mendes Nunes, 40. Aparecido está preso, mas Ronaldo conseguiu fugir.
Oriundos de Coronel Sapucaia, os irmãos se instalaram em Dourados (a 251 km de Campo Grande) há pouco mais de uma década. Na maior cidade do interior, se tornaram donos de várias empresas e imóveis rurais e urbanos. Segundo a PF, o patrimônio deles veio do tráfico.
No Rio de Janeiro, os irmãos Mendes contavam com apoio do Comando Vermelho para embarcar a droga em contêineres. Aparecido e Ronaldo seriam ligados a Jorge Teófilo Samudio Gonzalez, 51, o “Samura”, um dos principais líderes da facção no Paraguai.
Samura foi resgatado pela facção durante atentado a tiros que deixou um policial morto, em setembro de 2019, no Paraguai. Em abril de 2021, foi recapturado em Sinop (MT), onde estava escondido com apoio dos irmãos Mendes. A PF cita várias provas da ligação entre eles. Até a casa de Aparecido no Jardim Terra Roxa, em Dourados, foi usada por Samura como endereço em cadastro do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Colchões – De acordo com informações repassadas pela PF à Justiça Federal, durante buscas ao barracão mantido pelos irmãos Mendes em Maricá, pelo menos cem colchões foram encontrados no local.
Alguns continham placas de isopor com buracos para acondicionamento de tabletes de cocaína. No barracão, também foram encontradas máquinas de costura e retalhos, usados para refazer o acabamento após a cocaína ser colocada dentro dos colchões. As embalagens de colchões continham a inscrição “For Export”, indicando que o material era destinado à exportação.
Cocaína – Ainda no barracão, Localizado na Rua das Camélias, esquina com Rua das Margaridas, a Polícia Federal apreendeu 160 quilos de cocaína escondidos nos pneus de um caminhão que tinha saído de Mato Grosso do Sul. O motorista do caminhão, o batedor da carga e uma pessoa que cuidava do barracão no momento em que os policiais chegaram foram presos em flagrante por tráfico.
Além da cocaína nos pneus, foram apreendidos naquele dia, R$ 77 mil em dinheiro, 9 mil dólares, 25 celulares, entre eles um iPhone com case de ouro 24 quilates Rolex Special Edition, grande quantidade de documentos, mídias, joias e relógios de alto valor.
A PF também apreendeu 13 veículos de luxo, cinco veículos comuns, duas motocicletas, três caminhões, quatro tratores, um barco, um avião Embraer EMB 720, uma pistola, quatro espingardas, seis fuzis e cerca de 2.000 cabeças de gado na Fazenda Beira Rio, em Feliz Natal (MT). O avião pertence a Aparecido Mendes e estava no hangar de um aeroporto particular em Dourados.
Aparecido Mendes segue preso no sistema penitenciário estadual, em Campo Grande. Ronaldo Mendes Nunes escapou do cerco montado pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai e continua foragido. Dados apurados pela PF revelam que naquele país, o brasileiro teria recebido proteção do deputado paraguaio Lalo Gómez.
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