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Interior

Advogado flagrado com 100 mil em dinheiro vivo é preso pela PF

Empresário Hermógenes Aparecido Mendes Filho e outra advogada também estão entre os presos

Por Helio de Freitas, de Dourados | 08/12/2023 15:36

Advogado de 43 anos, está entre os presos nas duas operações deflagradas hoje (8) pela Polícia Federal contra quadrilha de traficantes baseada em Dourados, a 251 km de Campo Grande. A reportagem apurou que também foram presos o empresário Hermógenes Aparecido Mendes Filho e a advogada Cristiane Maran Milgarefe da Costa.

Aparecido é irmão de Ronaldo Mendes Nunes, proprietário do Audaz Restaurante, um dos locais onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Informação não confirmada indica que Ronaldo também foi alvo de mandado, mas não se sabe se de prisão ou de busca.

Nesta sexta-feira, a Polícia Federal desencadeou duas operações simultâneas contra organização criminosa supostamente liderada pelos irmãos Mendes. Investigações da PF e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) descobriram que o grupo traz grandes cargas de cocaína do Paraguai e manda para o Rio de Janeiro em carregamentos lícitos e dentro de pneus de caminhão.

A Operação Akã II – desdobramento da primeira, desencadeada em setembro deste ano – foi para cumprir quatro mandados de busca e apreensão e o mandado de prisão preventiva contra o advogado, suspeito de tentar obstruir os trabalhos investigativos.

Viaturas da PF no Audaz Restaurante, hoje, em Dourados (Foto: Direto das Ruas)
Viaturas da PF no Audaz Restaurante, hoje, em Dourados (Foto: Direto das Ruas)

A outra operação contra a mesma organização foi a Sanctus, para cumprir 21 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária, expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande, cumpridos em Maricá (RJ), Araruama (RJ), Dourados, Ponta Porã, Guia Lopes da Laguna, Cambé (PR), Feliz Natal (MT) e Paranatinga (MT).

Hermógenes Aparecido Mendes Filho tem fazenda em Feliz Natal. Ele e a advogada Cristiane da Costa foram presos nessa operação. As duas ações foram desencadeadas de forma simultânea, para impedir que os alvos se comunicassem.

A Sanctus é resultado de investigação iniciada em outubro deste ano para desarticular o tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, a organização criminosa sediada em Dourados é liderada por dois irmãos, ambos com histórico de ligação em apreensões de droga e com lideranças de facções criminosas. A polícia não divulgou nomes, mas a reportagem apurou que os irmãos são Aparecido e Ronaldo Mendes.

Conforme a Polícia Federal, a organização trazia cocaína de Pedro Juan Caballero, mandava em cargas lícitas até o interior do Paraná e, de lá, enviava para o Rio de Janeiro. Os investigados faziam a lavagem de capitais por meio de rede de pessoas e empresas, para os quais remetiam e recebiam grandes quantias de valores em espécie por meio de depósitos em terminais de autoatendimento.

“O esquema conta ainda com a ocultação patrimonial de empresas e imóveis, cuja propriedade formal está em nome de laranjas, testas de ferro e, no caso dos imóveis, em nome de seus antigos proprietários”, afirma a PF.

Além do tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, a polícia investiga suposto plano da organização para matar um policial rodoviário federal de Dourados. Dois pistoleiros da fronteira chegaram a ser contratados para a missão, mas a ordem foi cancelada após o contratante descobrir que já estava sendo investigado.

Dinheiro vivo – O advogado preso hoje em Dourados, atua na defesa dos presos na primeira fase da Operação Akã. No dia 29 de novembro, foi abordado pela Polícia Federal em Ponta Porã e na caminhonete Amarok que ele conduzia foram encontrados R$ 100 mil em espécie.

O advogado informou aos policiais que o dinheiro era pagamento por seus honorários e de outros advogados de seu escritório que trabalham no mesmo caso, mas teria se negado a fornecer a identidade de quem havia repassado o dinheiro.

No mesmo dia, o delegado da PF Marcelo Guimarães Mascarenhas instaurou inquérito para investigar ligação do advogado com lavagem de dinheiro. As mil notas de R$ 100 foram apreendidas.

Hoje de manhã, pouco tempo antes de ser preso, ele disse ao Campo Grande News que não havia praticado nenhum ato ilegal e que se negou a fornecer detalhes para não violar o sigilo ao qual tem direito. Naquele momento, as operações ainda não tinham começado.

“Os valores tratam exclusivamente de honorários. Já foi comprovado através de contrato e nota fiscal, já foi feita a juntada no processo, estamos pedindo trancamento da ação penal. O delegado apreendeu valores devido querer saber o contratante. Acontece que sigilo profissional não me permite dizer nomes”, afirmou o advogado.

*Matéria editada em 21/06/2024 porque o advogado em questão foi absolvido. A JUstiça considerou que não houve qualquer infração penal por parte dele. .

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