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Interior

Recado em prato de comida entregue a presos coloca polícia em alerta

“Tudo vai dar certo” era a frase escrita no prato enviado a um dos 13 presos em Capitán Bado; Todos foram transferidos hoje

Helio de Freitas, de Dourados | 31/05/2019 11:07
Presos ontem em Capitán Bado; por risco de resgate, quadrilha foi levada hoje para Pedro Juan (Foto: Divulgação)
Presos ontem em Capitán Bado; por risco de resgate, quadrilha foi levada hoje para Pedro Juan (Foto: Divulgação)

Os 13 presos ontem (30) com duas toneladas de maconha, armas pesadas e uma granada na zona rural de Capitán Bado, cidade vizinha de Coronel Sapucaia (MS), foram transferidos na manhã desta sexta-feira para a Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero.

A polícia paraguaia temia uma tentativa de resgate após os policiais encontrarem um recado escrito em português em um prato de comida destinado a um dos presos. Doze são brasileiros e um paraguaio. “Tudo vai dar certo”, dizia a mensagem escrita no fundo do prato descartável, interceptado pelos agentes da Divisão de Investigações da Polícia Nacional.

Os pratos com alimentos foram entregues por familiares dos presos. Sete deles são de cidades de Mato Grosso do Sul e os outros de vários estados. Para a polícia, eles são ligados a uma das facções criminosas que atuam na fronteira.

De acordo com policiais paraguaios, a transferência da cadeia local de Capitán Bado para Pedro Juan não foi feita ontem devido às péssimas condições da estrada que liga as duas cidades.

As equipes também não poderiam circular por estradas sul-mato-grossenses com os 12 brasileiros presos, pois a Constituição Federal do Brasil impede o país de entregar seus cidadãos para serem julgados em outro país. Se cruzasse a fronteira com os presos, a polícia paraguaia teria de entregar os brasileiros a policiais de MS.

Anderson Giacomini logo após ser preso ontem (à esquerda) e posando com fuzil na mão (Foto: Reprodução)
Anderson Giacomini logo após ser preso ontem (à esquerda) e posando com fuzil na mão (Foto: Reprodução)

Narcotraficante – Fontes da polícia paraguaia revelam que os presos ontem em uma propriedade rural na Colônia Kurupay são ligados ao bandido Fredy Ariel Irala Fernández, o “Lico’í”, conhecido na fronteira por ligações com crimes de pistolagem, assaltos e negócios com traficantes de maconha. Ele é procurado pela Justiça do país vizinho.

Um dos presos, o paranaense Anderson Junior Giacomini, 31, conhecido como “Alemão”, é apontado como braço-direito de Fredy Fernández. Alemão aparece em fotos divulgadas em redes sociais fazendo pose segurando um fuzil ao lado de várias outras armas do mesmo modelo.

A fazenda onde a quadrilha foi localizada pertenceu no passado ao narcotraficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, principal líder do Comando Vermelho. Beira-Mar passou um tempo escondido na região de Capitán Bado, no início dos anos 2000, antes de ser preso na Colômbia.

Policiais paraguaios afirmam que Fredy Fernández tem em seu comando um grupo de homens fortemente armados e mantém aliança com os maiores traficantes de maconha dos departamentos (equivalentes a estados) de Amambay e Canindeyú, os dois vizinhos de Mato Grosso do Sul.

Os pistoleiros comandados por Fredy são suspeitos do atentado contra outro bandido famoso na fronteira, Marcio Ariel Sánchez Giménez, o “Aguacate”, ex-segurança do chefão do tráfico Jorge Rafaat Toumani e atualmente apontado como chefe dos pistoleiros a serviço do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Além de Anderson Giacomini, estão presos Cícero Marcos Silva de Sousa, 44; Marcelo Sander Costello, morador em Dourados; Mateus Enrique Cornele, 30, natural do Paraná; Cleiton Nunes, de Coronel Sapucaia; Wilson Fabiano Martin López, 21, de Santa Catarina; Eduardo Marques Mendonça, 30, também de Dourados; Francisco da Chaga Cena, 23, do Maranhão; Rafael Carballo Macena da Silva, 24; Welinton Richar Neres da Costa, 26, de Rondônia; Michael da Silva, 32, de Ponta Porã e o também douradense Anderson Moraes Pereira, 23. O 13º preso é o paraguaio Salustiano Nuñez, 44.

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