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Interior

Reitora é chamada de interventora em 1ª reunião com estudantes da UFGD

Acadêmicos e servidores lotam auditório em reunião do conselho universitário 22 dias após reitora ser nomeada por ministro

Helio de Freitas, de Dourados | 02/07/2019 09:54
Vencedor de eleição interna em março, Etienne Biasotto (à esquerda) usou a palavra para protestar contra nomeação de Mirlene Damázio (Foto: Direto das Ruas)
Vencedor de eleição interna em março, Etienne Biasotto (à esquerda) usou a palavra para protestar contra nomeação de Mirlene Damázio (Foto: Direto das Ruas)

A reitora temporária da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Mirlene Ferreira Macedo Damázio, foi recebida com protesto nesta terça-feira (2) na primeira reunião com o conselho universitário desde que foi nomeada pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, no dia 10 de junho.

Estudantes, professores e servidores administrativos lotam o auditório da unidade I, localizada na Rua João Rosa Góes, na Vila Progresso, para protestar contra a nomeação. No local estão sendo discutidos e votados assuntos da universidade, como a formação dos conselhos internos.

O DCE (Diretório Central de Estudantes) e a associação dos docentes afirmam que a nomeação foi uma intervenção do governo de Jair Bolsonaro na autonomia da UFGD.

Mirlene Damázio tem apoio de simpatizantes locais do presidente da República. Ela não disputou a eleição interna feita em maio e não apresentou seu nome para compor a lista tríplice enviada ao MEC. Mesmo assim foi nomeada por Abraham Weintraub.

Na abertura da reunião de hoje, o professor Etienne Biasotto, vencedor da eleição interna, usou a palavra para protestar contra a decisão do governo. Segundo ele, somente a nomeação da chapa vencedora vai devolver tranquilidade à universidade. Biasotto foi interrompido pela reitora, que pediu para a discussão se limitar à pauta da reunião.

Auditório do prédio da reitoria lotado nesta manhã (Foto: Direto das Ruas)
Auditório do prédio da reitoria lotado nesta manhã (Foto: Direto das Ruas)

Laranjas - “Interventora, presta atenção, para ser reitora tem que ganhar eleição”, foi o coro repetido pelos manifestantes, que levaram balões e laranjas para a reunião, em alusão à investigação da Polícia Federal sobre candidaturas falsas do PSL, partido de Bolsonaro, para embolsar o dinheiro do Fundo Partidário.

Toda vez que tenta usar a palavra, Mirlene Damázio é interrompida com gritos de “golpista” e vaias. Mesmo apelando para “o restabelecimento da ordem”, os protestos continuam.

Mirlene Damázio já foi alvo de várias manifestações de alunos e servidores. No dia 17 de junho, os manifestantes ocuparam o prédio da reitoria e cantaram a música “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, mais conhecida como “caminhando e cantando”. A música ficou conhecida nos anos 70 e 80 como símbolo da resistência estudantil contra a ditadura militar.

Para alunos e professores, a nomeação de Mirlene Damázio foi feita “ao arrepio da legalidade” do processo da consulta prévia e da indicação da lista tríplice encaminhada ao MEC. “Uma interventora nomeada com notórios vínculos na campanha de uma chapa, cujo projeto ficou em último lugar no processo de consulta prévia à comunidade acadêmica”, afirmou a Aduf, em nota.

A lista tríplice elaborada após consulta prévia à comunidade universitária foi formada por Etienne Biasotto, Jones Dari Goettert e Antônio Dari Ramos e envida em março pela UFGD, mas devolvida em seguida pelo Ministério da Educação, que apontou irregularidade na escolha dos nomes.

Em maio, a Justiça Federal chegou a suspender a lista tríplice a pedido do MPF (Ministério Público Federal), mas duas semanas depois revogou a medida. Para o MPF, os três que disputaram a consulta prévia deveriam ser incluídos na lista e não apenas o primeiro colocado. O juiz, no entanto, decidiu que a UFGD tem autonomia para definir critérios da consulta interna.

Veja abaixo o vídeo com imagens da manifestação de hoje na UFGD:

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