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Interior

Vale tem duas barragens com rejeitos de minério de alto risco no Pantanal

Caroline Maldonado | 23/11/2015 17:21
Mineradoras geram rejeitos da extração de minério e manganês (Foto: Diário Corumbaense)
Mineradoras geram rejeitos da extração de minério e manganês (Foto: Diário Corumbaense)

Mato Grosso do Sul tem 19 barragens de armazenamento de resíduos da mineração, mas nem todas com a proporção daquela que desabou destruindo um distrito, em Mariana, Minas Gerais. O acidente causou mortes e devastou o Rio Doce. No entanto, caso o acidente se repita por aqui, as barragens de alto risco poderiam afetar o Pantanal, pondo em risco um dos biomas de maior importância para o país.

Essas barragens, que têm rejeitos da extração de minério e manganês, estão em Corumbá, a 419 quilômetros de Campo Grande. Segundo dados do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), duas delas são se alto risco. São as barragens Bacia Pé da Serra 02 e Bacia Pé da Serra 03-04, conforme dados do órgão, que integra o Ministério de Minas e Energia. Elas fazem parte de 14 barragens que pertencem a Urucum Mineração.

Além dessas, há outras barragens consideradas de baixo ou médio risco, mas que têm DPA (Dano Potencial Associado) classificado como alto, ou seja, podem causar graves impactos ao bioma. Os dados são fornecidos pelas empresas que atuam na mineração e são inseridas na PNSB (Política Nacional de Segurança de Barragens).

As barragens de alto risco são da Urucum Mineração, uma empresa brasileira fundada em 1976, controlada pela Companhia Vale do Rio Doce para extrair minério do Maciço do Urucum. Elas fazem parte da mina de Urucum, que opera em Corumbá, desde 1994, e tem capacidade para 2 milhões de toneladas métricas. A Vale é dona de 50% da mineradora Samarco, cuja barragem desabou em Minas Gerais, há pouco mais de duas semanas. A outra proprietária é a anglo-australiana BHP Billiton Brasil Ltda.

Ao todo, há 16 barragens de quatro Estados do país, que são de alto risco. Elas ameaçam três bacias hidrográficas brasileiras. Além da bacia hidrográfica do Rio Paraguai, no Pantanal de Mato Grosso do Sul; podem sofrer consequências graves em caso de acidente, a bacia do Rio Amazonas e a do Rio São Francisco, no Nordeste do país.

Água no balneário Lago Azul foi completamente tomada pelo rejeito do minério, em 2014 (Foto: Rios Vivos)
Água no balneário Lago Azul foi completamente tomada pelo rejeito do minério, em 2014 (Foto: Rios Vivos)

Desastre - Em maio de 2014, um barragem da mineradora Vale não suportou o volume de água e transbordou invadindo pequenas e grandes propriedades, atingindo as cachoeiras. A lama desceu e atingiu os lagos Azul, Iracema e Menk.

Conforme divulgado pelo MPF (Ministério Público Federal) em 2014, com o início da mineração alguns córregos na Morraria do Urucum, em Corumbá, secaram, a vazão de outros foi reduzida e a qualidade da água ficou prejudicada.

O Campo Grande News entrou em contato com a Vale para saber mais sobre as inspeções para detecção de problemas, que possam gerar acidentes. A assessoria da Vale ficou de enviar resposta aos questionamentos, mas não se manifestou até a publicação desta matéria. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que dá licença e fiscaliza as mineradoras também não comentou o assunto, até então.

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