Vereador é acusado de assédio sexual contra mulher que lhe devia dinheiro
Caso teria ocorrido em dezembro e foi denunciado à polícia em março; vereador se diz vítima de armação
O vereador Sidcley Brasil da Silva (MDB), de Nova Alvorada do Sul (a 116 km de Campo Grande), foi denunciado por crimes de assédio sexual e agiotagem por uma mulher de 59 anos de idade. A suposta vítima afirma que pegou R$ 8 mil emprestados do vereador a juros de 10% ao mês e para garantir o pagamento ele teria tentado tomar a casa dela.
Comerciante de 45 anos de idade, Sicley nega e diz ser vítima de armação política. Ele está processando a autora da denúncia e cobra indenização por danos morais.
A denúncia chegou primeiro à polícia, em março deste ano, e no mês passado foi formalizada pela própria vítima à Câmara de Vereadores através de pedido de processo de cassação do mandato por quebra de decoro. O nome da mulher será preservado por envolver denúncia de crime sexual.
Segundo documentos aos quais o Campo Grande News teve acesso, o boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil no dia 15 de março, mas os supostos crimes teriam ocorrido em dezembro de 2021.
A mulher narrou à polícia que o assédio teria ocorrido no dia 15 de dezembro na casa dela, na Rua Luiza Alves Leite, no centro. Sidcley Brasil da Silva teria ido até o local atrás de um documento da casa e teria pedido um copo d’água.
“Em seguida segurou a comunicante/vítima pelas costas e começou a passar as mãos em seus seios e partes íntimas dizendo que estava muito excitado. A comunicante/vítima dizia que iria gritar caso ele não a soltasse, mas o autor a apertava ainda mais forte”, afirma trecho da ocorrência. A mulher diz que Sidcley só a soltou quando o celular dela começou a tocar.
Ela também relatou à polícia que em 2020 pegou R$ 8 mil emprestados de Sidcley Brasil para pagar juros de 10% ao mês e desde então vem sendo pressionada pelo vereador.
Segundo a mulher, o político a teria obrigado a assinar “contrato de gaveta” passando para o nome dele uma edícula avaliada em R$ 130 mil para quitar a dívida. A mulher disse que ficou assustada e com medo e só decidiu procurar a polícia (três meses após o caso) depois de conversar com a mãe, de 79 anos.
O delegado da Polícia Civil Rômulo Marcelo Teixeira instaurou inquérito para investigar a denúncia, mas não indiciou o vereador. O policial informou que durante o curso da investigação não encontrou elementos para comprovar os crimes e encaminhou o caso ao Ministério Público.
No dia 24 de maio, Sidcley Brasil da Silva entrou com ação contra a autora das denúncias pedindo indenização de 40 salários mínimos por danos morais. Na ação, o vereador afirma ser vítima de acusação caluniosa e que por isso passa por situação “extremamente humilhante e vexatória”.
Ele alegou ter comprado a casa da mulher, mas devido a pendências fiscais, não consegue escriturar o imóvel. No dia do suposto crime de assédio sexual, Sidcley afirma ter procurado a mulher para que ela pagasse os tributos da casa. A ação tramita no Fórum da cidade.
Quebra de decoro – No dia 23 de junho, a suposta vítima protocolou denúncia na Câmara de Vereadores de Nova Alvorada do Sul pedindo abertura de processo disciplinar contra Sidcley Brasil por quebra de decoro parlamentar.
Ela cobra a cassação do mandato por, segundo ela, o vereador ter cometido crimes de agiotagem, estupro, violação de domicílio e uso arbitrário das próprias razões. “Como cidadã, me sinto amedrontada, ferida, lesionada, muito prejudicada e com minha dignidade destruída”, afirma a mulher.
O presidente da Câmara, Renilson César da Silva (União Brasil), disse ao Campo Grande News que a denúncia foi encaminhada à Comissão de Ética. Caberá à comissão analisar o caso e dar parecer pelo prosseguimento ou arquivamento da representação.
Armação – À reportagem, Sidcley Brasil da Silva disse nesta sexta-feira (1º) que está sendo vítima de armação política. “Fizeram essa armação porque certamente serei o próximo presidente da Câmara e o meu opositor é o candidato do atual presidente”, afirmou.
O emedebista disse que a denúncia contra ele foi retaliação pelo processo administrativo instaurado contra sua colega de Legislativo, a vereadora Andrea Fim (União Brasil), acusada de humilhar uma servidora pública do município. A mulher que denunciou Sidcley é tia de Andrea Fim.
Anteontem, a Comissão de Ética da Casa suspendeu Andrea por 90 dias, sem remuneração. Ela não poderá votar na eleição da Mesa Diretora, marcada para o dia 2 de agosto. Por três meses, a vaga será ocupada pela primeira suplente, Rosana Pinheiro (União Brasil). Andrea Fim anunciou que vai recorrer à Justiça contra a suspensão.