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Interior

Vereador se diz injustiçado e teme pagar por crime que não cometeu

Caroline Maldonado | 28/04/2015 13:58
Vereador Gean Carlos Volpato (PMDB) se sente injustiçado em processo de cassação, mesmo sem ter envolvimento em crimes (Foto: Fernando Ientzsch)
Vereador Gean Carlos Volpato (PMDB) se sente injustiçado em processo de cassação, mesmo sem ter envolvimento em crimes (Foto: Fernando Ientzsch)

Após seis meses afastado da Câmara Municipal de Naviraí, o vereador Gean Carlos Volpato (PMDB) teme a cassação do mandato, mesmo não tendo sido provado qualquer envolvimento nas fraudes investigadas pela Polícia Federal. Como resultado da Operação Atenas, em outubro de 2014, dez pessoas foram presas, entre elas cinco vereadores. Os outros oito não chegaram a ser presos, mas viraram réus em função de denúncias do MPE (Ministério Público Estadual) que apontam organização criminosa e corrupção.

O vereador conta que a ex-namorada foi encontrada pela polícia com R$ 20 mil em uma viagem junto a um assessor da Câmara e a situação passou a ser investigada no processo que apura os crimes. Foi nesse ponto que Gean precisou prestar esclarecimentos.

A partir daí, segundo ele, não houve qualquer indício de seu envolvimento no esquema de corrupção e o vereador permanece apenas arrolado no processo que tem até escutas telefônicas como prova de participação de outros vereadores e assessores nos crimes investigados há mais de um ano. “Depois de uma semana que o assessor que viajou junto com a minha ex-namorada foi preso, o promotor fez uma denúncia dizendo que esse dinheiro poderia ser meu. Na delação premiada, o assessor esclareceu que eu não tenho participação nenhuma, nem relação com o dinheiro apreendido pela polícia”, disse.

O parlamentar teve que esclarecer que não tinha nada a ver com a situação ou qualquer relação com a ex-namorada. Ele destaca que além disso, não foi encontrada qualquer prova que o ligasse as fraudes. “A justiça só me afastou para investigar isso e agora já ficou comprovado que não tenho envolvimento, mas a Câmara pegou isso e abriu já duas Comissões Processantes e quer cassar o meu mandato”, explicou.

“Só fui ter conhecimento desses fatos depois de um ano de escutas da polícia, primeiro porque eu não era ligado ao presidente da Câmara e tudo que vinha dele não me interessava”, comentou Gean sobre o relacionamento com Cícero dos Santos (sem partido), que presidia a Casa. Cicinho do PT, como é conhecido, ficou preso de outubro a fevereiro e é acusado de chefiar o esquema de corrupção.

Conspiração – Na Comissão Processante da Câmara, o vereador apresentou testemunhas e as informações que o isentam de qualquer participação nos crimes, já apresentadas à Justiça, que anulou o processo para apurar a quebra de decoro, segundo o advogado do vereador afastado, Gabriel Affonso de Barros.

No entanto, no dia 19 de abril, a Câmara abriu nova comissão com prazo para votação em 90 dias, conforme o advogado, que analisou todas as provas anexadas ao processo. Segundo ele, em mais de 100 horas de gravação de escutas telefônicas não há nada que levante suspeitas contra o Gean.

“Eu fico triste em saber que a Justiça está deixando a Câmara cometer injustiça”, disse o vereador, que espera apreciação da Justiça de Naviraí ao pedido de reconsideração para o retorno a Casa de Leis, antes que os vereadores suplentes decidam pela cassação de seu mandato.

Ele afirma que é alvo de uma perseguição política dos suplentes, que assumiram os treze cargos. “Judicialmente estou convicto de que não tenho participação nenhuma. Agora, na parte da Câmara há interesse pessoal. O que eu quero é que seja dado um basta nessas comissões, que não julgam com base no que está na Justiça e sim com interesse político”, afirmou o vereador.

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