Juiz inclui 11 pessoas em bloqueio de R$ 300 milhões na Lucro Fácil
Decisão atende ao MPMS, que apontou envolvimento de mais pessoas em suposto esquema envolvendo a Minerworld, BitOfertas e BitPago
Decisão do juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, ampliou a lista de réus em ação da Operação Lucro Fácil –que apura um esquema de pirâmide financeira disfarçado de operação de mineração e venda de bitcoins. A medida atende a pedido do MPMS (Ministério Público Estadual), que relacionou outros 11 denunciados na lista de pessoas a terem bens bloqueados até o valor de R$ 300 milhões.
Até então, o bloqueio se estendia a sete pessoas investigadas na fase inicial da operação e às empresas BitOfertas, BitPago e Minerworld.
Pela denúncia, passam a responder também à denúncia Hércules Franco Gobbi, Ivan Félix de Lima, José Aparecido Maia dos Santos, Mayckon Voltaire Grisoste Barbosa, Elierri Medeiros de Oliveira, Mayko Alessandro Cunha Franceschi, Luís Augusto Yamashita de Souza, Raimundo Olegário Cruz, Mirna Saad Cruz, Alvira de Carvalho Nunes e Rosineide Pinto de Lima. Todos, conforme o MPMS, teriam contribuído para o suposto esquema de pirâmide, sejam como fiadores ou “laranjas” da Minerworld e da BitPago –duas das empresas investigadas.
Suspeita-se que entre os denunciados podem haver mentores do negócio ou pessoas que organizassem redes de participantes da pirâmide financeira –esquema pelo qual um grupo central no “topo” se beneficia dos investimentos de pessoas abaixo, nas bases da operação. Hércules foi apontado como sócio-administrador da BitPago, ao passo que Ivan, José Aparecido, Maykon, Elierri e Mayko são citados pela Promotoria como supostos investidores e mentores. Luís Augusto figura como “peça-chave” do setor de tecnologia da informação.
Pais de Cícero Saad, um dos principais investigados na Lucro Fácil, Raimundo e Mirna Cruz foram apontados como apoiadores do “negócio Minerworld”, emprestando a imagem para materiais publicitários. Alvira, mãe de Johnes de Carvalho Nunes (outro investigado na fase inicial da Lucro Fácil), tinha em seu nome veículos usados por outros denunciados; ao passo que Roseneide foi considerada “graduada na hierarquia do negócio” e fundamental na organização de eventos.
‘Medidas rápidas’ – Gomes Filho reforça que o MPMS, além de individualizar as denúncias, fundamentou-as com documentos, solicitando que os 11 citados sejam incluídos no pedido de indisponibilidade de bens na ordem de R$ 300 milhões –valor que garantiria o ressarcimento aos investidores nas empresas sob suspeita.
No despacho, o juiz ainda reforça que “diante da forte possibilidade de que exista o chamado ‘esquema piramidal’, os prejuízos causados aos consumidores integrantes da base desta ‘pirâmide’ dificilmente serão reparados se não houver medidas rápidas e eficazes de indisponibilidade de bens dos possíveis responsáveis”, acatando o pedido da Promotoria. A decisão se estende a valores em planos de previdência privada, veículos, imóveis e criptomoedas no Brasil ou no exterior.
Mineradora – Foco central da operação, a Minerworld foi acusada de não honrar pagamentos a investidores, referentes a operações de mineração de bitcoins (sistema pelo qual se é remunerado por ceder equipamentos para o processamento de negócios feitos com criptomoedas). Os problemas começaram a se acumular desde o fim de 2017, gerando reclamações de parceiros do grupo.
A assessoria da Minerworld atribuiu os problemas a uma corretora dos Estados Unidos envolvida em fraude, a partir do ataque de hackers, que causou prejuízo de quase R$ 24 milhões pelo mundo –montante equivalente aos mais de 800 bitcoins roubados na ação. A Minerworld afirmava até o início da Lucro Fácil ter mais de 70 mil investidores em 50 países.