Ordem de despejo deixa moradores "apreensivos" à espera de nova demolição
Uma possível ordem de despejo deixou em alerta os moradores do loteamento Nossa Senhora Aparecida, no bairro Vila Nasser, em Campo Grande, desde a madrugada desta sexta-feira (18). No entanto, a notícia está se transformando em especulação, já que até o momento ninguém foi ao local. Ao todo, são 20 terrenos de 260 m² cada um. A disputa pela área vem desde de 2009.
Segundo o pedreiro Adão Martins, 52 anos, que vive no local desde 2011, os moradores já conseguiram derrubar quatro liminares que autorizam a reintegração de posse. Mas apesar disso, seis casas já foram destruídas pela homem que se diz dono da área.
“Este terreno pertencia a um coronel, que doou para outro e este faleceu, deixando de herança para as filhas. E é o marido de um delas, dono de apenas 1% do local, que tenta nos retirar daqui. O restante da área, ninguém sabe dizer de quem é”, alega o pedreiro.
O dono do pequeno percentual, segundo Martins, é Gilmar Gobi. “Ele já derrubou seis casas com patrola e com a presença da Polícia. Hoje são só 13 casas, totalmente prontas. Em momento nenhum utilizamos de força, apontando um canivete para ele. A gente só quer tenta resolver a situação. Eu, por exemplo, já gastei R$ 2,6 mil com advogado e fico revoltado com essa questão judicial”, comenta Martins.
Convicto de que não sairá do local “de jeito nenhum”, Martins comenta que gostaria de pagar, aos poucos, o valor dos lotes. “O juiz só ouve o lado do Gilmar e nem quer saber da nossa história. Ele só acata a versão dele e nós que ficamos ruins nessa história”, argumenta Martins.
Disputa: Na quarta-feira (16), o comerciante Gilmar Gobbi, que alega ser herdeiro de parte dos terrenos, chegou no loteamento escoltado por três viaturas da Polícia Militar, e acompanhado por um oficial de Justiça que levava o documento de ordem de despejo.
Gobbi alega ser proprietário de 20 terrenos do loteamento. Em agosto deste ano o comerciante decidiu fazer justiça com as próprias mãos, e derrubou seis casas com uma patrola. Gobbi atingiu seu objetivo, porque, segundo os moradores que permaneceram, as famílias deixaram o local e foram morar na casa de parentes.
Já é a quarta vez que os moradores, por meio de advogados, conseguem derrubar a ordem de despejo. SEgundo os advogados, a área está em litígio e, até que haja decisão judicial, Gobbi não tem autorização para entrar nas casas.