Paulo do Radinho é alvo de ataques no centro e suspeita de homofobia
Há 16 anos percorrendo a cidade, Paulo César da Silva Baptista, o "Paulo do Radinho", de 53 anos, figura conhecida em Campo Grande, foi alvo de dois ataques no centro. Na tarde de hoje, ele procurou a Polícia para registrar boletim de ocorrência contra o segundo. Criminosos o atacaram com balas de chumbinho enquanto ele se apresentava no cruzamento da rua 14 de julho com a avenida Afonso Pena. O artista suspeita que está sendo vítima de homofobia.
O primeiro disparo, afirmou, foi na sexta-feira retrasada, dia 5 de abril deste ano, durante a noite, em frente à Galeria Dona Neta. “Atiraram um chumbinho no meu pé”, contou.
Ontem (12) a situação se repetiu, no mesmo local e em horário semelhante, entre às 20h30 e às 22h. Desta vez, Paulo foi atingido em uma das pernas que, segundo ele, ficou com hematoma. “Sempre que estou parado falando poesia ou conversando eles atiram com um negócio de pressão”, contou.
Dois projéteis recolhidos por ele foram entregues à polícia. A vítima relata que vai passar por exame de corpo de delito na segunda-feira (15), no IMOL (Instituto Médico e Ondotológico Legal).
Paulinho não sabe dizer quem atirou. Não viu os autores em nenhum momento, mas suspeita que esteja sendo alvo de ataques homofóbicos, isto porque resolveu assumir publicamente, em entrevista ao Lado B, que era gay.
“Eu não sei o que está acontecendo. Pode ser um monte de coisa. Eu desconfio que seja isso porque assumi que sou gay. Um monte de gente se afastou de mim e achou um absurdo. Falaram que eu era discreto e que não precisava ter me assumido em um jornal”, declarou.
Com receio, Paulo do Radinho afirmou que vai trocar de lugar na próxima sexta-feira (19). Ele vai se apresentar na rua 13 de maio, próximo a um posto de gasolina, mas não pretende abandonar o espaço em frente à galeria.
“Não quero sair do prédio porque tenho muitos fãs lá. Não tenho prova de quem foi, mas tenho suspeita”, afirmou, se referindo às agressões que sofreu.
O artista ressaltou ainda que, em 16 anos de trabalho, nunca passou por esse tipo de situação. “Já me tacaram ovo, mas chumbinho não. Se pega na minha vista, aquilo me cega”.