PF prende quadrilha que matava onças no Pantanal
A Polícia Federal prendeu ontem caçadores e membros de quadrilha que ganhava dinheiro com abate clandestino de animais de grande porte, como onças pintadas, pardas e pretas. O grupo exterminava os animais no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e tinha ramificações no Paraná.
A quadrilha chegava ao Pantanal em aviões particulares, pousava em fazendas da região com turistas do Brasil e de fora, equipados com modernas armas de caça. A ação era comandada pelo homem considerado o maior caçador de onças do Brasil, com ajuda do filho.
O grupo promovia, inclusive safáris, onde os clientes pagavam por animal abatido. O alvo principal eram onças-pintadas, pardas e pretas, com alto valor no mercado negro.
"Quem pagava mais, tinha o direito à pele, cabeça ou a todo o animal, que era empalhado em Curitiba", detalha a PF.
Além de 8 prisões em flagrante, a Justiça de Corumbá expediu 7 mandados de prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão em MS, MT e PR.
Flagrante - A operação foi deflagrada ontem, por volta de meio-dia, mas os detalhes só foram divulgados nesta quarta-feira.
Equipes de policiais federais e do IBAMA usaram um helicóptero para prender em flagrante 8 pessoas: 4 argentinos, 1 paraguaio e 3 brasileiros. Um dos presos é policial militar do Mato Grosso.
O grupo estava em Sinop (MT), no Pantanal, com armas e munições de diversos calibres. Eles se preparavam para uma grande caçada que estava agendada para a noite de terça-feira.
Também ontem, em Mato Grosso do Sul, foram presas 2 pessoas em Miranda e cumpridos 4 mandados de busca na cidade, além de 3 mandados de busca e apreensão em Bodoquena.
A Operação Jaguar, como foi batizada, ocorreu em conjunto com o IBAMA, depois de investigações que começaram por Corumbá.
As suspeitas surgiram com o aparecimento de carcaças de onças em algumas fazendas na região pantaneira e ainda o sumiço de felinos que estavam em monitoramento pelo IBAMA, explica a assessoria da PF.
Caçador famoso - Um detalhe que chamou ainda mais a atenção da Polícia foi o fato de homens acompanhados do filho do mais famoso caçador de onça do Brasil, estarem transportando em camionetas vários cães de raça, típicos para caça de grande felinos. O nome do tal caçador não foi divulgado.
"Os levantamentos evidenciaram que o conhecido caçador de onça e seu filho usavam da prática de capturar onças para encoleiramento, no contexto do programa Pró-Carnívoros, desenvolvidos pelo IBAMA, para acobertar sua atividade de caça clandestina e predatória", detalha a PF.
Através desse falso trabalho de preservação da espécie, conforme a PF, a dupla continuava a caça clandestina.
Depois de registrar a "conquista", com fotografias dos abates, quem não pagava para ficar com a pele tinha as carcaças destruídas.
"Há evidências que alguns 'troféus' são levados até para o exterior, vez que a PF constatou a frequente participação de uma pessoa, residente em Curitiba/PR, com conhecimento em Taxidermia