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Cidades

Polícia Federal faz reintegração de posse em prédio ocupado por indígenas

Caroline Maldonado | 02/12/2015 18:26
Indígenas deixaram prédio com a chegada da Polícia Federal (Foto: Divulgação)
Indígenas deixaram prédio com a chegada da Polícia Federal (Foto: Divulgação)

Com a chegada da Polícia Federal, lideranças indígenas deixaram o prédio da sede do Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), em Campo Grande. Cerca de 40 índios das etnias Terena e Guarani Kaiowá ocuparam o local ontem (1º), após a suspensão da nomeação do indígena Lindomar Terena para o cargo de coordenador distrital da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), em Mato Grosso do Sul.

Segundo integrantes do protesto, que preferiram não se identificar, o atual coordenador distrital, o Kadiwéu Hilário da Silva, pediu reintegração de posse e mais de 10 carros da Polícia Federal ocuparam quatro ruas ao redor do prédio para coibir a presença das lideranças. Os indígenas disseram que a manifestação é pacífica, por isso ficaram surpresos com o cerco feito pelos policiais e resolveram sair sem resistência.

Há um grupo de indígenas que é a favor da permanência de Hilário no cargo. Eles ocuparam o prédio na terça-feira (24). O manifesto fez pressão e o ministro publicou portaria suspendendo a nomeação de Lindomar. Com isso, os índios que são contra a coordenação atual resolveram ocupar o prédio ontem à noite.

Hilário foi nomeado em 2014, após reivindicação dos próprios indígenas para que um índio pudesse conduzir a Sesai no Estado. No entanto, em agosto deste ano foi anunciado que ele deixaria o cargo sob criticas de ingerência.

Hoje, durante evento na Governadoria, Hilário disse que tem o apoio de todos os caciques das comunidades do Estado e índios que não representam o movimento querem sua saída do cargo. “Quem é contra a minha gestão não são lideranças de base. Os caciques se revoltaram porque o deputado Zeca do PT e o senador Delcídio do Amaral (PT) que pediram a nomeação de outra pessoa”, disse o Kadiwéu.

Ontem, o Conselho do Povo Terena e o Conselho da Aty Guasu Guarani Kaiowá divulgaram nota conjunta defendendo a nomeação de Lindomar. As organizações afirmam que o coordenador atual não representa mais as comunidades e o pedido de troca foi uma reivindicação dos líderes que fazem parte dos conselhos.

Sobre a manifestação dessas organizações, Hilário disse que há divergências. “São pessoas que usam o nome dos conselhos para falar isso. Não faltam remédios nas aldeias como dizem. Somente os medicamentos de média e alta complexidade que são de competência do SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirmou. Segundo ele, o apoio para sua permanência vem de 32 caciques e 18 vice-caciques.

No início da tarde hoje, no entanto, Conselho do Povo Terena e Aty Guasu Guarani Kaiowá, novamente enviou nota à imprensa informando a ocupação e defendendo a nomeação de Lindomar. “O Conselho da Aty Guasu e o Conselho do Povo Terena não permitirá discursos que desqualifiquem nossa luta histórica em prol do bem comum de nossas comunidades e iremos tomar todas as medidas contra aqueles que desafiam a autodeterminação dos povos indígenas”, diz a nota, em nome de lideranças Terena, Guarani Kaiowá, Kinikinau e Kadiwéu.

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