Rádios nada comunitárias
CRESCEI E MULTIPLICAI - Criadas originalmente como órgão difusor de questões localizadas de determinadas camadas da sociedade, algumas rádios comunitárias nem sempre desempenham este papel. Concessões, invariavelmente, conseguidas através de canais políticos, elas se proliferam já com algum tipo de comprometimento. Principalmente o de expandir o chamado curral eleitoral do mandatário – ou sigla – à frente ‘das negociações’ junto ao Ministério das Comunicações.
ALELUIA - Concessão de emissoras de rádio era moeda de troca quando o governo tinha dificuldades de aprovação de projetos de seu interesse junto ao congresso nacional. Para o baixo clero das comunicações nos estados restaram as comunitárias. Atos pré-mensalão.
ÁGUA EM VINHO - A liturgia das benesses compreende a ponte que liga fiéis seguidores de pastor capaz de fazer pregações se transformar em votos. Difícil ver rádio comunitária gerida por gente fora do contexto religioso de alguma seita. Evangélicos são maioria neste troca troca.
RÁDIO BLÁ - Em essência, as finalidades do rádio são desvirtuadas; programações têm vínculos fortes com o aumento do rebanho de seguidores, não sendo cumprido primarismo da atividade radiofônica. Algumas mascaram lei de concessões no que diz respeito à exigência de espaço mínimo reservado aos noticiosos (com enfoque especial à realidade brasileira).
PRÊMIO DE LOTERIA - Em indisfarçável desobediência às leis de concessões de rádios comunitárias, os comerciais são cobrados (a valores nem sempre modestos), transformados, assim, em rentáveis spots veiculados. O balcão de negócios em que se transformou uma rádio comunitária é flagrante, em Campo Grande.
DEUS UNO – Deus é o mesmo. E único. Mas os segmentos evangélicos são em grande número e diferentes siglas. Todos têm lugar na programação diária desde que paguem o dízimo (posteriormente cobrado) pelo horário que lhes é reservado. A partir das primeiras horas da manhã, em eterno entra-e-sai na emissora, até o final da programação noturna, pastores e fiéis se deleitarão através das ondas do rádio.
SECULAR – Fora do grande espaço destinado a pregações e louvores de Aline Barros, tem a exceção de algumas horas destinadas a programas fora do ritual de pastoreio. Entrevistas, informações e músicas sertanejas fazem o tripé de atrações ‘fora do contexto’ de uma rádio comunitária. Sem compromisso com a qualidade –e objetivos- de emissoras com finalidades comerciais devidamente reconhecidas como tal, as comunitárias seguem rumo de interesses políticos e de seus proprietários.
ONDA POSITIVA – A lei que possibilitou a criação das rádios comunitárias permitiu que, além de proximidade mais intimista com a comunidade, serviu de escola prática para surgimento de novos talentos da radiofonia. A estes devemos citar a volta de antigos e categorizados profissionais, ‘aposentados’ por emissoras fora desta faixa.
FIM DE ANO – Dezembro anuncia o início do fim das programações de televisão. Acomodadas redes como Band, SBT e Record, ancoradas no papel de coadjuvantes de ações da Globo, também colocarão no ar seus ‘especiais’ de fim de ano. Com quase tudo devidamente gravado, as TVs abertas partem para o dolce far niente de verão. E tome filmes e paternalismo de Luciano Huck nas praias do nordeste. Nada do que já não tenha sido visto.
LUMIÉRE – As indefectíveis chamadas anunciando a exibição de ‘grandes produções do cinema mundial’ pelas redes de televisão aberta não devem ser levadas em consideração ao pé e mão da letra. Nos contratos que celebram com distribuidores internacionais, os pacotes levam (ou trazem) grandes porcarias em seus conteúdos.
COMMODITIES – Com descomunal produção cinematográfica anual, distribuidores americanos empurram goela abaixo o que consideram que países em desenvolvimento precisam conhecer de sua filmoteca encalhada. Por parte da rede Globo, alguns filmes farão a alegria da plebe ignara, mas os considerados realmente, grandes produções, só poderão ser vistos em seus canais de TV por assinatura. Emita-se nota fiscal e respectiva fatura.
LUZES, AÇÃO - Os irmãos Lumiere se movem nos caixões ao verificarem o que fazem com o produto que inventaram –e que obrigam exportarem para o BSTVP – brazucas sem TV paga. Hoje a festa é sua. É de quem vier...