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Em Pauta

"Andiamo in Merica", os italianos chegam no MS

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/02/2019 13:12
"Andiamo in Merica", os italianos chegam no MS

Poucos foram os italianos que fixaram residência nos dois Mato Grossos. Mas já em 1862, durante uma viagem de estudos e de exploração pelos rios Paraná, Paraguai, São Lourenço, Cuiabá e Arino, Bartolomeo Bossi encontrava italianos em Corumbá e em Cuiabá. Escrevia em seu "Viage Pintoresco", editado em Paris e dedicado ao Barão de Mauá que havia um casal de milaneses em Cuiabá, ele sapateiro de ofício, auxiliado por sua esposa. Não há o registro do nome desse casal, ainda que afirme ser um casal afável e simpático. Também cita a presença de um piemontes, "detestável bodegon" chamado Carlo Novelli, que não goza de boa reputação.

"Andiamo in Merica", os italianos chegam no MS

Manoel Cavassa, "homem laborioso, fundador da florescente Corumbá ".

Conforme Bossi, Manoel Cavassa, aportava em Buenos Aires em 1842, onde em pouco tempo conseguiu juntar pequena fortuna. Comprou um navio, empreendendo navegação regular pelo rio Uruguai. Em 1850 mantinha uma linha entre os portos de Bjenks Aires e Assunção. Em 1857, veio ao MS. Alcançava um lugar remonte havia somente quatro choupanas de palha e nenhuma casa. No, próprio navio, Cavassa iniciou um pequeno comércio e construiu a primeira habitação digna desse nome. Em poucos anos levantou muitas outras, tornando-se, dessa forma, praticamente o fundador daquela que viria ser a cidade de Corumbá, afirma Bossi.

"Andiamo in Merica", os italianos chegam no MS

Os guerrilheiros estrangeiros defendem Corumbá.

Em breve tempo os negócios de Cavassa prosperaram. Mas sobreveio a Guerra do Paraguai e, após os primeiros ataques das tropas de Solano Lopez, Corumbá foi deixada à própria sorte. Formou-se, então, um corpo de guerrilheiros estrangeiros, constituído em sua imensa maioria por italianos que Manuel Cavassa havia concentrado em Corumbá. Após prolongada resistência, essas pequenas forças foram dominadas pelas tropas paraguaias. Conquistaram a cidade que havia perdido a defesa. Devastaram tudo, conforme conta Bossi. Aprisionaram grande número de habitantes.
Sabedor de que os italianos havia lançado pólvora ao rio a fêmea de que não caísse em mãos dos paraguaios, o general Barrios, cunhado de Solano Lopez, determinou que Manuel Cavassa, o chefe da resistência, e seus lugar-tenentes Nicola Canale e Giovanni Biacava fossem remetidos para Assunção. Embarcaram, com suas famílias, em um horrível barco cargueiro tão cheio que, conforme contou o próprio Cavassa, em documento oficial dirigido ao governo brasileiro, ficaram como "sardinhas em pé ".
Quando passavam por Humaitá, Solano Lopez permitiu que os italianos embarcassem na "La Veloce", um navio de guerra da Itália. Mas Cavassa e a maioria de seus companheiros de arma embarcaram apenas suas famílias, continuando a lutar até a completa vitória das armas brasileiras.
Hoje, dia 21 de fevereiro, é o Dia que todo italiano, e seus descendentes, comemoram a vinda ao Brasil. Nada mais simbólico que contar uma pequena parte da vida de Manuel Cavassa, um homem que lutou por estas terras.

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