"Guerra dos Tronos" fez renascer o turismo na Croácia
Há um novo, e forte, setor turístico no mundo. O turismo da televisão está operando verdadeiras mágicas. O mais importante é o protagonizado pela série norte-americana "Guerra dos Tronos". Não só alçou a Croácia para um dos "points" mais visitados do mundo como fez milagres em sete pequenas cidades espanholas onde também foram gravadas cenas. Nas espanholas, o crescimento turístico foi de 125%.
A guerra de independência da Iugoslávia, entre 1991 e 1995, destruiu a Croácia. Graças ao turismo - responsável por 18% de seu PIB, em 2015 - o país dos Bálcãs, começou a reerguer-se. Alemães, eslovenos e austríacos são quem, tradicionalmente, tiram férias nas praias croatas. Mas o país está reinventando-se e, a cada dia, conquista mais mercados no setor turístico. Percebeu que não pode vender só sol e praia. Percebeu que tem de adaptar-se ao século XXI, onde o turismo da televisão e ecológico ganham força.
Porto Real (King´s Landing) fica em Dubrovnik, e é no Palácio de Diocleciano, em Split, que os Dragões de Khaleesi (Daenerys Targaryen) estão presos. A fortaleza de Klis é a cidade dos Escravos de Mereen, e estes são apenas alguns dos lugares que motivam cada vez mais turistas a escolher percursos especializados para os fãs da série "Guerra dos Tronos". O interesse em Dubrovnik e em Split aumentou exponencialmente e surgiram novos negócios. Visitas guiadas para os cenários da série e recordações tomaram espaço importante no turismo.
Entre 2015 e 2016, a Fortaleza de Klis recebeu mais 579% de visitantes. O Krka National Park, cenário ao ar livre da série, adicionou 46% no número de visitantes que já era elevado. Não atingiu números estratosféricos pela norma que impede o ingresso de multidões. Trsteno - Jardins de King´s Landing também viu crescer o número de turistas que conseguem entrar.
Óleo de oiva, pão, queijo e vinho, bons produtos típicos da região também viram suas vendas serem alavancadas. Também são criativos. Criaram um Museu das Relações Falhadas. Fica em Zagreb. Guardam objetos de pessoas que cindiram suas relações amorosas. Além da guarda dos objetos, que funcionam como o depósito do esquecimento, vendem borrachas para apagar da memória as más recordações.
Nos últimos 15 anos, a Croácia viu saltar o número de turistas de 7 milhões em 2.000, para 14 milhões em 2015. A pressão em um país de apenas 4 milhões de habitantes por esse aumento do interesse é o fator que, por enquanto, funciona como obstáculo para um crescimento ainda maior. Mas sabem investir. A Croácia está construindo monumentos modernos únicos no mundo. Em Zadar, constrói o "Órgão do Mar", que toca sempre que as ondas chegam aos tubos e a "Saudação ao Sol", uma instalação de painéis solares que representam a Via Láctea e se ilumina de noite com cores irrequietas. Caso use bigode, você também poderá praticar o esporte, recuperado da história, denominado "alka": a cavalo, tentará acertar com uma lança um pequeno círculo a três metros de altura. A criatividade não tem limites.
As muitas guerras do pescador.
"Era um velho que pescava sozinho num esquife na Corrente do Golfo, e sairá havia já por oitenta e quatro dias sem apanhar um peixe", estas são as linhas iniciais da melhor narrativa de uma pescaria. Continuava: “...viu uma das canas verdes dobrar-se subitamente. ---Sim---disse.--- Sim---e embarcou os remos sem tocar no barco. Estendeu a mão para a linha e segurou-a delicadamente entre o polegar e o indicador da mão direita. Desta vez, um puxão a tentear, nem firme, nem pesado e o velho sabia exatamente o que era". "A cem braças, um peixe graúdo...".
Este pequeno romance passa por ser uma obra-prima da literatura contemporânea, talvez uma obra-prima da literatura universal. É um breviário nobilíssimo da dignidade humana. Em que a natureza e a humanidade se defrontam, em uma guerra pura. "O velho e o mar" é uma obra absoluta.
Hemingway escrevia de pé, em uma estante, como Víctor Hugo, mas não com um lápis que o francês usava, com uma caligrafia tão tortuosa que é difícil decifrar. Tão difícil como entender sua vida. Desde a juventude, quando participou como voluntário, conduzindo uma ambulância, na frente italiana na Primeira Guerra Mundial, onde um explosivo quase o matou. Extraíram mais de uma centena de fragmentos do projétil de sua perna e das costas. Até a ruína humana em que se converteu, já sem ilusões nem memória, quando voou a cabeça com um tiro de fuzil em Idaho (EUA), aos 62 anos.
Sua vida foi intensa, violenta, rondando sempre a morte, não só nas muitas guerras em que esteve, como correspondente de algum jornal ou combatente, também nos esportes que praticava - o boxe, a caça e a pesca em alto mar. As viagens arriscadas, os desarranjos conjugais, os prazeres ventrais e os rios de álcool.
A odisseia do velho pescador lutando a pau contra os tubarões que lhe arrebatam o enorme peixe-espada que conseguiu pescar é, talvez, uma das melhores metáforas de sua própria vida. Um eterno guerrear. Como da vida de uns poucos que ainda pescam peixes e ilusões.
Uma bela Medusa.
Medusa era um monstro ctônico (telúrico, deuses do mundo subterrâneo), do sexo feminino, que teve seus cabelos transformados em serpentes por ter se deitado com Poseidon - deus dos mares - dentro do templo de Atena que, enfurecida, desfigurou o rosto e os cabelos da moça. A mera visão de Medusa transformaria todos em pedra.
No país mais famoso do futebol - a Islândia - um grupo de cientistas está fazendo o mesmo que Medusa - eles transformam seus inimigos em pedra. O vilão da população da Islândia é o gás carbônico, considerado o principal motor do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global. Os cientistas fazem parte de um projeto patrocinado pelos Estados Unidos e pela União Europeia. A meta é propor formas para conter o CO2 antes que ele alcance a atmosfera. A principal estratégia adotada pelo grupo é desenvolver uma técnica conhecida como CCS - Captura e Armazenamento de Carbono. Consiste em reter o gás produzido pelas indústrias e injetá-lo em locais como poços de petróleo abandonados.