A Assembleia Legislativa e o ovo quadrado
Em 2015, a instituição que comanda o Dicionário Oxford, elegeu a palavra "emoji" como a mais importante. Mas, em 2016, o prêmio foi para a palavra "pós-verdade". Um sisudo conceito pleno de significado político e sociológico. O "pós" do termo não marca apenas uma cronologia. Esse prefixo funciona para sublinhar uma negação: o que há para além da verdade é o que interessa, seja verdade ou não. Em um mundo "pós verdade" o que é vero tem pouca importância. Mais vale a versão do que os fatos. A realidade pode ser questionada.
E é sob o manto da "pós-verdade" que dois deputados e um pastor massacram a verdade. Hoje, salta ao ringue, um terceiro deputado. O primeiro deputado fala demais ao celular. Diz o que até as formigas sabem - existem dezenas de assessores que trabalham, outros não sabem onde fica a Assembleia Legislativa. O segundo ouve em demasia. Age como se fosse um aprendiz de feiticeiro. Escuta a bruxaria, não diz se colocará o caldeirão no fogo ou na geladeira. O último é homem da mídia, ou foi. Mas sofre os efeitos de uma insurreição de ex-funcionários - seriam pagos pela Assembleia.
Como tudo terminará se o corregedor é o terceiro personagem? O eterno dilema da fiscalização feita pelos pares mostrará sua face? O coleguismo vencerá? Esqueçam. A "pós-verdade" prevalecerá. Com uma boa estratégia de comunicação as pessoas acreditam até em ovo quadrado.
"Índio é bêbado". A origem da caricatura para denegrir os povos derrotados
Durante séculos os portugueses venderam a teoria de que os povos indígenas brasileiros eram bêbados. Esse método de denegrir o povo derrotado, todavia, não tem origem em Portugal. É muito mais antigo que as grandes navegações portuguesas. Surge após as batalhas entre celtas e romano-gregos.
Os celtas era uma parcela dos povos "bárbaros" que viviam na Europa Central e Ocidental. Gregos e romanos os chamavam de "celtas" ou de "gauleses", uma tradição que existia desde o século 6 a.C. A região céltica era tão grande que incluía parte da Península Ibérica - o que viria a ser Portugal, chegando a Cádiz, na Espanha atual. Mas não ficava apenas nessa Península. Os celtas ocupavam as atuais terras da Hungria, da Bulgária, da Romênia e da Servia.
Costumeiramente, reuniam-se no Vale do Po, de onde partiam incursões de saqueadores que penetravam no Império Romano e chegavam à Grécia. Os ataques persistiram, chegaram a sitia Roma e devastar parte considerável da Grécia. Até que a poderosa cidade-estado de Pérgamo derrotou os celtas em uma série de batalhas. Como vitoriosos, os romanos e gregos escreveram sobre os "bárbaros" celtas. Os celtas seriam guerreiros valentes, mas não tinham coração e fugiam. Os celtas "bebiam vinho puro e ficavam bêbados", conforme Estrabão, César e Livy, escritores clássicos.
Os celtas também "lutavam nus". Eram caricaturas, estereótipos que visavam diminuir a importância dos celtas. Uma contraposição aos usos e costumes dos romanos e gregos que "jamais fugiam nas batalhas", "que diluíam o vinho em água para se manterem sóbrios" e eram "bem armados e vestidos". São quadros tendenciosos, caricatos, que foram copiados pelos portugueses que vieram ao Brasil. Uma forma de dominar o, outrora, povo adversário. Uma ideia que se mantêm viva até os dias atuais.
Pedalando pela história das bicicletas
A honra de inventar a bicicleta cabe ao alemão Karl Drais, apesar de sua máquina, de 1817, não ter pedais. O escocês Kirkpatrick Macmillan foi o primeiro a usar os pedais. Em 1860, a empresa francesa Michaux começou a produzir bicicletas com pedais que eram conhecidas como "sacode-ossos", em função de suas rodas de aço (ainda não existiam os pneus de borracha).
Antes dos pedais, para ganhar velocidade, usavam rodas dianteiras bem maiores (até 1,5 metro) que as traseiras. Não eram fáceis de manobrar e as quedas eram constantes. Com isso, eram usadas apenas por jovens intrépidos.
As bicicletas criadas em 1885 por James Starley, com rodas do mesmo tamanho e com tração traseira, tornou o ciclismo mais seguro. Três anos depois, com os pneus de borracha desenvolvidos por John Dunlop, as bikes ficaram mais confortáveis e pedalaram pelo mundo.
A bicicleta chega ao Brasil
No final do século XIX, quando as famílias mais abastadas do Sul e Sudeste importaram algumas peças, pode se considerar o marco de chegada das bicicletas ao Brasil. Em 1895, foram fundados os primeiros clubes de ciclismo do país, um em Curitiba, por imigrantes alemães, e outro em São Paulo, que no ano seguinte teria seu primeiro velódromo.
Apesar do crescimento do uso, não existiam fábricas de bicicleta no país até a Segunda Guerra Mundial. Mas com a dificuldade de importar peças durante e após o conflito, surgiram as primeiras fábricas. A bicicleta, por décadas, era uma alternativa de transporte barato para trabalhadores. Os mais abastados aderiram a seu uso, apenas esportivo, há pouco tempo.