A edição genética CRISPR está cada vez mais perto de nós
No início deste século, os cientistas da Danisco USA Inc., tinham um problemão: as bactérias que usavam para fazer iogurte e queijo estavam sendo mortas por um vírus. Investigando em profundidade, descobriram que algumas bactérias tinham um sistema de defesa para lutar contra invasores virais. Essas bactérias resistentes aos vírus portavam coleções estranhas e repetitivas de letras de DNA em seus cromossomos. Foi uma revolução, as bactérias tinham um sistema para memorizar invasores visando produzir anticorpos que as protegessem. Exatamente igual aquilo que ocorre em nosso corpo.
O grande salto.
Os fabricantes de iogurte e queijo não buscavam a próxima grande ferramenta da medicina. Só queriam conservar suas bactérias. Mas outros cientistas logo se deram conta do valor potencial da CRISPR para suas próprias pesquisas de tratamento de doenças. Com algumas modificações, a técnica CRISPR lhes permitiu cortar qualquer sequência genética que desejassem. Era um imenso salto na engenharia genética.
Não é mais uma promessa, virou realidade.
Em dezembro de 2023, veio a grande revolução. Depois de ganhar um prêmio Nobel, os cientistas conseguiram aprovar na FDA, o órgão norte-americano que autoriza alimentos e medicamentos, o primeiro tratamento de modificação genética baseado na CRISPR. Surgia uma nova terapia para o combate das células falciformes, um transtorno sanguíneo muito doloroso. Há milhares de experiências usando CRISPR para modificar desde alimentos - como o milho - até graves doenças humanas. A CRISPR é a técnica que leva esperanças sobre o mundo da medicina que nunca tivemos.