A globalização da economia ampliou a violência no mundo
O Estado Islâmico sobrevive com o dinheiro do petróleo e das antiguidades vendidas no mercado ilegal mundial. O Estado Islâmico funciona como as gangues que pululam nas fronteiras do Mato Grosso do Sul. As gangues também vendem maconha, cocaína e armas no mercado ilegal mundial. Existe uma globalização da vida coletiva, da economia e, também, da violência.
A mesma AK-47 que mata um francês é a que mata um residente de nossas fronteiras. Não dá para compreender o ataque de Nice se não sabemos o que acontece na Síria ou em Pedro Juan Caballero. Para ter a fiel compreensão do que se passa nessas regiões é preciso entender a geopolítica mundial, a intervenção das potências, o papel dos países fabricantes de armas. Afinal, a AK-47 não caiu de uma árvore. A maconha não caiu do telhado. A cocaína não surgiu por partenogênese de uma vaca.
Há muitas causas e efeitos raramente debatidos. Os novos lobos, os solitários jihadistas que estão atacando na Europa, são pessoas de espírito frágil. Muitos se esquecem do primordial: querem ser reconhecidas, sair da "vala comum", entrar para a história dos assassinos. Só conseguem lavrar seu intento com o apoio da mídia, que também é responsável por isso, ao fazer dos atentados na Europa e em Pedro Juan Caballero o centro da atualidade e tornar possível a notoriedade dessas pessoas. Há algo de obsceno na dupla formada pela mídia, pelos políticos e demais autoridades. Existe uma arrogância no poder repercutida pela mídia sem crítica.
Eles erram, constroem teorias, muitas vezes esdrúxulas, a mídia reproduz os erros e as teorias. Parece que nada tem importância. Mas, enfim, surge um novo debate. Não deixar vazar as investigações em hipótese alguma. Não divulgar os nomes dos envolvidos nos atentados com qualquer motivação. Não transformá-los em "heróis" de terroristas ou de traficantes.
Às armas cidadãos! O engôdo construído pelos países fabricantes de armas.
"L´air du temps", o ar dos tempos, o atual clima cultural enseja, a cada dia, que os cidadãos peguem em armas para a própria defesa e a de seus familiares. O relatório divulgado por um instituto internacional, que monitora o comércio global de armamentos, deixa às claras como as potências usam a bilionária indústria bélica para criar zonas de influencia e de turbulência. A ideia dos fabricantes de arma é a mesma de qualquer empresário: onde há dinheiro, há vendas de armas. Neste momento, o Paraguai é uma região que enriquece muito mais que seus vizinhos. É um território fértil para a entrada e saída de armamentos de todos os tipos. A imensa fronteira têm mais buracos que uma peneira.
De acordo com o último relatório produzido e divulgado pela Stochkolm International Peace Research, organização sueca fundada em 1966, que realiza estudos sobre conflitos, segurança e paz mundial, os dez países que mais exportaram armas foram: Estados Unidos, Rússia, Alemanha, China, França, Reino Unido, Espanha, França Itália e Israel. O resultado dos estudos demonstra que, mesmo décadas após o término da Guerra Fria, os Estados Unidos e a Rússia continuam dividindo a maior fatia do bolo mundial do mercado de armas. Juntos, dominam 56% do total. A novidade é a China, que de 2009 em diante, saiu da condição de grande importadora para disputar espaço com os tradicionais exportadores, desbancando a França e o Reino Unido da luta pelo quarto lugar.
A indústria brasileira de armas leves merece atenção. Ela não está no ranking por não entregar relatórios para a ONU ou para qualquer entidade internacional. Assim como o governo brasileiro que simplesmente arrecada impostos dessa indústria e não divulga seus dados. É uma indústria sem números. Não sabemos para onde estão indo as armas brasileiras. Apenas conhecemos que a indústria gaúcha Taurus exporta em grande quantidade pistolas, revólveres, escopetas, metralhadoras e carabinas. A estatal Imbel, que produz os fuzis 5.56 IA2, pistolas, facas, munições e explosivos, para nossas Forças Armadas e para exércitos de dezenas de outros países, tem aumentado sua participação no mercado mundial de armas leves. E ponto final. Essa é uma fábrica de engôdo, que conclama a população, com o apoio de políticos, para pegar em armas. Não sabemos matar nem passarinho...
O menú do último jantar.
Em 1924, no Texas (EUA), decidam aposentar a corda tradicional e render-se aos cintilantes avanços tecnológicos ao substituir nas penas capitais a forca pela moderna e muito mais "divertida" cadeira elétrica. Sim, a pena de morte é não só um ato de crueldade dos governos, como uma diversão para um público que adora shows de horrores.
Nesse mesmo ano, as penas de morte nos Estados Unidos foram centralizadas no condado de Walker, que pertence à cidade de Huntsville, que seria conhecida com o nada simpático título de "capital da pena de morte" e associaria, eternamente, a imagem do Texas à morte protagonizada pelos governos. Mas o próprio governo do Texas se tornaria famoso por patrocinar um "gesto de cortesia" aos condenados à morte: o de decidir o menú de seu último jantar.
Esse tipo de jantar, tinha certa tradição histórica: os gregos enterravam seus entes queridos com banquetes majestosos e deixavam "tupperwares" cheios após o funeral com o objetivo de que nenhum fantasma faminto ficasse vagando pelo mundo dos vivos à caça de comidas esquecidas ou perdidas. Em alguns países europeus já se cultivava um costume similar ao de oferecer jantares ao condenado para que ele fizesse as pazes com o carrasco e seu espectro ressentido, não o atormentasse no futuro. Os franceses tinham o hábito de oferecer uma garrafa de rum a todos aqueles que tinham data marcada para "redefinir sua altura com a queda da folha da guilhotina".
E a imagem popular dos pelotões de fuzilamento insinua que permitiam ao futuro fuzilado um último cigarro. Não havia uma lei, não era um direito do prisioneiro, se tratava simplesmente de um detalhe de compaixão. Um gesto de cordialidade que se tornou comum em Huntsville e foi "democratizado" entre todos os prisioneiros daquela central de execuções. O prisioneiro que seria executado encomendava sobremesas para todos os demais colegas de pavilhão, com o óbvio objetivo de que todos se regalassem com uma dose elevada de açúcar em sua honra.
Evolução da segurança nos automóveis: de lesões graves a motoristas ilesos.
A proteção perante os choques dos automóveis percorreu uma longa história. Os carros que trafegam no Brasil ainda não contam com a fase final dessa história - está inconclusa. "Segurança passiva". Essa frase é o começo das preocupações mundiais com os graves problemas ocasionados pelos acidentes automobilísticos. A história começa com as carrocerias equipadas com "zonas de deformação programada", desenhadas para absorver a energia das trombadas.
Quem inaugurou esse conceito foi a Mercedes-Benz, no longínquo ano de 1952. Alguns anos depois, nas nasceu o cinto de segurança de três pontas, tecnologia criada pela Volvo, em 1959. Como também a indústria automobilística fez nascer o vidro laminado. Uma lâmina plástica entre duas camadas de vidro que racha mas não se rompe e nem cai. Antes, estilhaçavam em pequenos pedaços cortantes e, muitas vezes, causavam lesões mais severas que a própria colisão.
Mas as estrelas mais recentes da proteção passiva são os airbags. As bolsas de ar que funcionam como um colchão, evitando o contato dos ocupantes com partes duras, como o volante, e desacelerando também os corpos dos ocupantes do automóvel. O primeiro airbag era apenas para o condutor. Foi, também, criado pela Mercedes. Em seguida, foram instalados para os demais ocupantes do carro. A partir daí, "explodiram", cobriram quase todo o interior do veículos: laterais, dianteira e traseira, de cortina ou para a cabeça, para os joelhos do condutor, dentro do assento do condutor para que ele não escorregue por baixo do cinto de segurança (o denominado "efeito submarino").
As últimas evoluções apresentam bolsas de ar integradas aos cinturões traseiros, que inflam para reduzir a pressão de uma batida sobre o tórax do ocupante - estão presentes nos carros mais avançados da Ford e da Mercedes. Evoluiram tanto que, hoje, existem airbags no exterior dos veículos, para diminuir as lesões provocadas aos pedestres, em caso de atropelamento. É óbvio que um carro com todo esse aparato tecnológico custa mais caro. E é esse o argumento das indústrias instaladas no Brasil, para não utilizá-los na totalidade nos automóveis que trafegam em nosso país.