A "graça": Trump perdoou 143 amigos e aliados
O nome técnico do perdão presidencial é "graça". Bolsonaro não está fazendo uma "gracinha" no caso do Daniel Silveira, está fazendo "graça". A questão é o tempo. Dizem, os juristas, que esse perdão só poderia ser concedido após trânsito em julgado, após o término de todos os recursos possíveis e imagináveis. Mas há uma questão que está no ar: e se o condenado pelo STF escrever e assinar que não deseja recorrer, dar por fim o julgamento?
Só um? Trump perdoou 143.
De forma similar ao decreto usado por Bolsonaro para perdoar o deputado Daniel, condenado a 8 anos e 9 meses de prisão, Trump gastou muita tinta de sua caneta, assinou 143 decretos de perdão. Entre os perdoados estavam Steve Bannon, coordenador de sua campanha e que fez desaparecer alguns milhões de dólares que seriam destinados ao muro que separa os EUA do México, e o banqueiro Charles Kushner, pai de seu genro. Só nas últimas doze horas de seu mandato, Trump emitiu 70 perdões.
Eu me perdoo.
No frigir dos ovos, Trump avaliou que não precisaria, mas chegou a preparar perdões preventivos para si e seus filhos, caso fossem acusados criminalmente. Diferente da brasileira, a legislação norte-americana prevê perdão para qualquer caso, mesmo que não tenha sido investigado, denunciado e julgado formalmente. Mas a ideia subjacente nas duas legislações é a mesma: mostrar misericórdia e sanar aquilo que o presidente entende por injustiça.
O cerne do problema está no presidencialismo.
"Eu me perdoar" é algo risível, uma ideia amalucada, contra a lógica. Só que não. Esse poder de perdoar irrestritamente é comum nos países que adotam o presidencialismo. A essência do sistema que escolhe presidente é a mesma de um rei: ter todos os poderes nas mãos. Hoje, odeiam o decreto do Bolsonaro livrando o falastrão carioca. Amanhã, enlouquecerão com o Lula transformando o Zé Dirceu vestal dentre as vestais. Crise após crise, vamos nos arrastando na miséria das ideias do presidencialismo.
Muito barulho para uma candidatura de senador pelo Rio de Janeiro.
Blá, blá, blá... a imprensa e as redes sociais estão abarrotadas desse caso. É muita tinta gasta para debater uma possível candidatura à senador pelo Estado do Rio de Janeiro. Alguém ouviu falar na possibilidade do crescimento do PIB chinês chegar a zero dentro de um mês e meio? Imaginem as deletérias consequências para a economia brasileira se for confirmada essa catástrofe mundial. Não vejo importância alguma em debater candidatura à senador do Mato Grosso do Sul, neste momento. Candidato do Rio de Janeiro? Piada.