A história secreta do iPhone. A "máfia" venceu
O aparelho que transformou o mundo está fazendo dez anos. Parece que foi em outra vida. O aparelho transformou a indústria da comunicação, destruiu a Nokia e a BlackBerrry - é difícil imaginar em que mundo viveríamos se o iPhone não tivesse sido criado para dinamitar o que existia e criar um mundo novo.
Os mitos sobre o desenvolvimento do iPhone na Apple de Steve Jobs são muitos, e há histórias contraditórias. Hoje, está saindo nos Estados Unidos um novo livro que promete elucidar o percurso incrível que levou ao telefone messiânico. " The one device: the secret history of the iPhone", escrito por Brian Merchant, baseia-se em entrevistas com engenheiros e executivos envolvidos no então projeto conhecido como "Purple". Conta como tudo começou em 2004, quando a Apple vendia milhões de iPods em todo o mundo. A empresa que Steve Jobs salvara da falência, vivia, pela primeira vez, um autentico fenômeno de massas com os leitores de musica.
Não existe um momento fundacional do iPhone, um dia em que a Apple tenha decidido que fabricaria um smartphone multitoque. A sua criação foi produto de uma "tempestade perfeita", reuniões dos melhores profissionais da época que, após muitas desavenças, chegaram ao aparelhinho hoje idolatrado. Havia um projeto de um tablet multitoque, mas era considerado muito caro. Também não tinham coragem de criar um telefone que lesse musicas para não concorrer com o iPod que vendia muito. A parceria entre a Apple e a Motorola - que Jobs estudou comprar - para criar um celular com iTunes, Rockr foi um desastre. Jobs estava lívido com o péssimo produto criado pela Motorola.
Todas as ideias e protótipos que andavam no ar, os rumores dos blogs de tecnologia, os sonhos de engenheiros e executivos de criar um celular multitoque desaguaram no iPhone. Mas duas equipes competiram, até o final, dentro do projeto Purple. Uma queria colocar um celular dentro do iPod. A outra, autocognominada "máfia", queria fazer um telefone pequeno baseado em um computador da Apple. As "sopas de miséria", como eles denominavam as reuniões, levaram dois anos, em clima explosivo. E assim, "deus" Jobs e seus profetas criaram o novo mundo. O enredo lembra a criação do universo, de um deus, de dissidentes, de "anjos caídos"...."querubins" xingando "serafins"...
Inovar é preciso... mas não basta
Apesar de tudo, mais de uma centena de grandes empresas instaladas no Brasil, voltaram a investir em inovação. Mas não é o bastante. Se olharmos para a Apple e procurarmos entender o que constitui a inovação, veremos que essa empresa, de modo geral, é considerada a empresa mais inovadora do mundo no momento, encabeçando todas as listas. Todavia, é importante saber que a Apple gasta com pesquisa e desenvolvimento em 10 anos o mesmo tanto que a Microsoft gasta em um ano. Se olharmos para as listas de despesas com pesquisa e desenvolvimento, a Apple ocupa a posição de número 82. Ela gasta a metade do que suas concorrentes gastam. A diferença está na forma como a Apple gasta. Seus dirigentes pensam na forma como os seres humanos usam a tecnologia.
A propósito, a Apple não revolucionou o mundo nesse prisma. Com a invenção da máquina de costura, a maior contribuição de Singer não foi a criação da melhor máquina, mas a descoberta de que podia vendê-la para as mulheres em prestações. Ninguém nunca havia vendido maquinas para as mulheres antes de Singer.
A grande inovação da Google talvez não seja a ferramenta de busca em si, mas o programa de publicidade associado ao site. Então, parte da inovação é essa estranha combinação de ciência e comportamento do consumidor. Aliás, a grande invenção que catapultou o capitalismo foi a escrituração por partidas dobradas. Não foi alguma engenhoca científica. As partidas dobradas ou método veneziano foi pensada por Luca Pacioli, em 1494. Cada transação financeira é registrada na forma de entradas em pelo menos duas contas, nas quais o total de débitos deve ser igual ao total de créditos. Adam Smith e Karl Marx são os grande pensadores de como funciona o capitalismo, mas Luca Pacioli foi quem permitiu sua existência. Inovar é preciso... mas não basta.
Miss Bege martela a vaidade
Miss Bege só veste roupas de cor bege, seja no verão ou inverno. Não usa maquiagem, nem vai a cabeleireiros. Leva um martelo na bolsa. Não fala. Mas ela tem milhares de seguidores no Facebook. Seguem com curiosidade seus "anti-selfies", que levam títulos engraçados. Ela é fotografada sempre rodeada em lugares inusitados como à frente de pichações ou ao lado de um parquímetro, lugares sem beleza ou interesse algum.
Acabam de editar um livro com suas fotos, tamanha a fama adquirida: "Miss Beige Taking the sTreeTs". Ela e suas performances se tornaram habituais em feiras de arte. Atriz e performer, Ana é a identidade oculta por trás dessa "heroína". Que ninguém pense que Miss Bege é uma mulher solitária que faz tricô. Ela têm uma agenda social que raras mulheres conseguem ter. Ela denuncia o que incomoda muita gente. Ela é um agente disruptivo e, sobretudo, uma mulher que se atreve a ser bege - essa cor insossa - nesta era de vaidade. Um gesto de rebeldia perante a tirania da beleza. Ela diz que isso lhe dá poder, "me liberta como mulher". Miss Bege é a cristalização que ela recebeu de Phillipe Gaulier, um dos mais famosos professores de palhaços: "Se têm a bunda gorda, têm duas opções: ir à academia por toda a vida para perder dois centímetros ou vender a ideia de que tua bunda é única". Miss Bege não têm bunda gorda. Mas se tivesse, tampouco importaria. O que ela têm é ser bege.