A última guerra kadiwéu e a consolidação de suas terras
O Português do Barranco Branco, esse foi o último inimigo enfrentado pelos kadiwéus. O nome do adversário era incorreto, não eram portugueses, os proprietários da gigantesca Fazenda Barranco Branco estavam sediados em Bruxelas. A denominação dessa empresa era "Societé Industrielle Agricole au Brésil". Esse era o maior latifúndio pantaneiro na virada do século XIX para o XX . Tinha 500 mil hectares, maior que países como Portugal, Alemanha, Bélgica e Suíça. Criava por volta de duzentos mil vacas. É fato que a Barranco Branco almejava tomar as terras kadiwéus.
Das escaramuças aos canhões.
"Choviam acusações contra os índios". Que a sua "Nação ", assim designavam sua tribo, tinha roubado reses e cavalos da fazenda, que tinha espancado algum de seus mais de cem funcionários.... mas numerosos era, dentre os indígenas, os que "haviam sido mortos nos ataques dirigidos contra eles e mandados por ordem superior da polícia de Corumbá". Ordens que, indiretamente, saiam da Barranco Branco. Até que resolveram enviar contra eles, por duas vezes, em 1.897 e 1.898, destacamentos militares, "conduzindo dois canhões de campanha". A Barranco Branco tinha expandido suas fronteiras originais, passara a ter alguns retiros próximos e outros bem distantes das fronteiras originais. Não há descrição da guerra. A história está perdida, pelo menos até hoje. O resultado foi que a Barranco Branco não conseguiu desalojar os kadiwéus de suas terra, mas pode ter resolvido os litígios com os retiros.
Fazendo alianças, consolidando suas terras.
Há uma lenda que coloca os kadiwéus ao lado do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai. Teria sido por sua participação nessa guerra que o Império Brasileiro lhes teria "concedido" 500 mil hectares de terra, onde atualmente vivem. Não há um só registro histórico da aliança de kadiwéus com soldados brasileiros nessa guerra. É fato, por outro lado, que eles eram, além de exímios cavaleiros, competentes estrategistas políticos. E foi construindo alianças com "caudilhos de Miranda" inicialmente, depois com caudilhos de Nioaque, que conseguiram consolidar suas terra. Tudo começou em 1.898. Os índios estavam cansados das disputas com a Barranco Branco, um dos caudilhos de Miranda teve a ideia de propor a eles uma união para engrossar sua força e derrotar seus opositores. Os índios aceitaram. As promessas eram vantajosas. Embora não tenham sido cumpridas, abriu-se o espaço para outra aliança. Foi à partir da aliança de Nioaque que saiu o pleito para a causa indígena, acatado pelo governo. O território kadiwéu estava consolidado.