Adiar a paternidade: o relógio biológico corre para homens
A reprodução sempre foi um campo fértil para o surgimento de mitos. Até pouco tempo, muitos acreditavam que o sexo dos bebês era responsabilidade exclusiva das mães. Hoje,essa afirmação beira uma piada para uma pessoa medianamente informada, mas durante séculos foi uma verdade inquestionável. E, por muito espertos que acreditemos ser, ideias errôneas seguem surgindo atualmente. Por exemplo, a de que os problemas de fertilidade relacionadas à idade são somente femininos.
Diferentes graus de sub-fertilidade.
Está comprovado que a infertilidade feminina começa a diminuir entre os 35 e 37 anos. Também se sabe que trabalhos fisicamente exigentes ou com horários irregulares, assim como praticar esportes com muita intensidade, podem tornar a gravidez mais difícil de ocorrer. Mas os homens também podem ter problemas.
Somos mais férteis entre os 20 e 30 anos. A diferença entre homens e mulheres está no fato de que não há um momento determinado em que ocorre a infertilidade. O que ocorre é que vai diminuindo progressivamente a concentração e a motilidade dos espermatozoides. Os homens não se convertem em estéreis, mas podem ter diferentes graus de sub-fertilidade.
A gravidez realizada por homens com mais de 45 anos determina problemas pré-natais.
Cada vez mais os homens desejam ter um filho após os 35 anos de idade. Vários estudos estão demonstrando as consequências que têm esse atraso na saúde dos nenês. Após os 45 anos, os filhos terão maiores chances de apresentar problemas pré-natais. Os pais tardios estão diretamente relacionados com as complicações na gravidez, como a diabetes gestacional, a restrição do crescimento intra-uterino e mais frequente, o parto prematuro. Adicionalmente, os filhos de pais maduros têm um maior risco de defeitos de nascimento cromossômicos e não cromossômicos e uma maior incidência de autismo e de câncer infantil.
Mutações nos espermatozoides é cinco vezes maior que nos óvulos.
Um recente estudo publicado na Nature, uma das melhores revistas científicas do mundo, mostrou que o número das mutações nas mães aumenta em 0,3 por ano de idade, enquanto que para os homens essa taxa é de 1,5 por ano de idade. Quanto maior o número de mutações, maior o risco de problemas para a criança.
O motivo parece estar na diferença de produzir óvulos e espermatozoides. Enquanto as mulheres já nascem com os ovócitos que serão os futuros óvulos, no caso dos homens os precursores se multiplicam constantemente, o que pode dar lugar a um maior numero de mutações.
Com um pai mais velho há maior evidência de mortinatos e um risco ligeiramente maior de autismo, transtorno bipolar e esquizofrenia em sua descendência. O aumento de acondroplasia - a forma mais frequente de nanismo - foi reconhecido há muito tempo.