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Em Pauta

Apenas as riquezas? Os europeus levaram a ciência das América

Mário Sérgio Lorenzetto | 25/06/2022 09:31
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Quando saía a caminhar sob o sol do México, o imperador Moctezuma II podia escutar o canto de centenas de espécies de pássaros. Em seu palácio na capital asteca de Tenochtitlan, havia um aviário com criavam aves das três Américas. Além do aviário, o palácio contava com um viveiro, onde estavam os maiores animais como o jaguar e o coiote. Mas, de todas as maravilhas da natureza, a que Moctezuma mais apreciava eram as flores. A cada manhã, dava uma volta pelo jardim botânico real. Os jardineiros astecas cuidavam de fileiras de plantas medicinais. Construído em 1.467, esse jardim botânico era um século anterior a seus homônimos europeus.


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Uma cidade enorme e  deslumbrante.

Tenochtitlan era uma maravilha da engenharia. Construída em uma ilha no centro do lago Texcoco em 1.325, nela só podia entrar cruzando uma das três calçadas elevadas, que tinham vários quilômetros dentro da água. Como em Veneza, a cidade era atravessada por canais. Um aqueduto proporcionava à cidade água doce. Muitos séculos antes da Holanda, haviam tomado terras das águas para plantar milho, tomates e pimentas. Era muito maior que Roma e Londres.


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Crianças nas escolas, jovens nas faculdades.

Tudo isso.... e muito mais, foi possível graças ao alto nível alcançado pelas ciências e a tecnologia asteca. Diferente dos reinos europeus, uma proporção significativa de meninas e meninos astecas iam para as escolas receber uma educação oficial. Os meninos que desejavam virar sacerdotes tinham de ter um amplo conhecimento de matemática e astronomia para a manutenção do calendário asteca. Havia os universitários, chamados de "os que sabem coisas". E tinham o sistema médico mais avançado da época.


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Médicos, parteiras e farmacêuticos.

Construíram enormes bibliotecas. Os astecas também desenvolveram o sistema médico mais avançado da época. Podiam consultar desde médicos "ticitl", para as dores e doenças, até cirurgiões. Também tinham à disposição parteiras e farmacêuticos. E ainda havia um mercado exclusivo para o comércio de ervas, raízes e unguentos. Enquanto isso, um estudante de medicina europeu nunca tinha tido acesso a um corpo humano. E só conhecia as seiscentas plantas medicinais do livro de Dioscorides, da época em que Cristo andava por Israel.


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Os Medicis e a fortuna originária das ciências.

Quando todo esse conhecimento de engenharia, arquitetura, botânica, zoologia e medicina chegaram à Europa, muitos passaram a reconhecer que os astecas eram humanos e, portanto, poderiam receber a palavra de Deus. Outros, todavia, tinham uma visão mais comercial. Em 1.580, Fernando de Médici, grão-duque da Toscana, e chefe da famosa família italiana, comprou o "Códice Florentino", uma compilação de parte dos conhecimentos astecas. O expôs na famosa Galeria Uffizi de Florença, dai o nome que é conhecido até hoje. Logo a seguir, Fernando de Médici começou a comprar cochinilhas - utilizada na fabricação de tintas vermelhas - saídas do México e do Peru. Também levou milho e tomate para a Europa e os plantou nos jardins de seu palácio. Para ele, o Códice Florentino era um catálogo comercial. E essa atitude comercial transformou a medicina europeia.


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As "novas curas".

O tabaco, abacate e as pimentas foram comercializadas como incríveis novas curas. O registro da venda da primeira batata (saída o México) provém do livro de contas de um hospital espanhol do século XVI. A batata era remédio nessa época. Palácios, jardins e universidades começaram a criar seus jardins botânicos copiados dos astecas, especialmente voltados para ervas medicinais. Esse novidade começou na Universidade de Pádua, em 1.545. Florença e Pisa a seguiram. Todas passaram a cultivar plantas das Américas. Copiando os métodos astecas, a Universidade de Bolonha passou a oferecer aulas de dissecação de cadáveres para seus alunos, em uma arena. Esse lugar está conservado até hoje.

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