Azul ou amarelo, a primeira eleição em Dourados
Dourados começava a se distanciar do autoritarismo da Empresa Mate Laranjeira, sediada em Ponta Porã. Getúlio Vargas assinara o ato que criou a Colônia Agrícola Nacional de Dourados. Lamentavelmente, a desorganização era a regra. Os colonos acampavam aqui e ali, dando início aos desmatamentos, destruírem verdadeiras fortunas representadas pelas madeiras nobres, que o fogo devorou.
Um povoado com raros funcionários e uma escola.
Por longo tempo, o poder público só se fez sentir pela presença de raríssimos funcionários cujo único papel era dirimir desavenças entre os colonos. Dourados não passava de um pequeno povoado com duas ruas, moradias de tábua, poucos armazéns, algumas pensões e dois "bolichos". O que se destacava era sua única escola, pertencia a uma professora de nome Balbina de Matos Carvalho. A doação do terreno dessa escola foi feita por Marcelino Pires. Também havia a primeira "Mesa Eleitoral", a instituição para organizar as eleições.
Na boca da urna.
Em 1.917, Paulo Hildebrand presidiu a primeira eleição de Dourados. Gaúcho, solenemente abriu a seção calçado de botas, bombacha, paletó e gravata. As cédulas eram entregues ao eleitor na "boca da urna", termo usado até os dias atuais. Quem as entregava era o delegado. Eram acondicionadas em envelopes de cor azul - para os partidários do delegado e do governo - ou em envelopes amarelos - para quem votaria contra o delgado e governo. Quem apanhasse o envelope amarelo ficava marcado pela autoridade policial e, mais cedo ou mais tarde, pagaria pela audácia. Poucos conseguiam burlar a vigilância do delegado e seus adeptos. Por isso, a política de Dourados nasceu sob a insígnia de prevenções e ódios. Os dois chefões, que se digladiavam, eram Abilio de Matos e Gaspar de Alencastro. Tempos depois, os envelopes coloridos passaram a ser fornidos por cédulas de dinheiro.