Bariátrica: o peso psíquico após a redução do estômago
Firmino pesa 140 quilos a menos do que há um ano. Em outubro do ano passado se submeteu a uma redução do estômago e, desde então, não para de perder peso. Agora já pode sair à rua mas, para ele, "nada mudou". "Cheguei a pesar 300 quilos. Agora estou com uns 160. Minha qualidade de vida melhorou, mas estou igual a antes". "Saio de casa porque tenho de andar, mas não me apetece sair. Não tenho onde ir e não gosto de relacionar-me com as pessoas", admite com simplicidade. Em termos clínicos, Firmino é um paciente que teve êxito na cirurgia bariátrica porque conseguiu baixar a quase metade seu peso corporal. Mas a depressão que arrasta desde há muito tempo, faz eclipsar esse triunfo.
A longo prazo 40% voltam à obesidade inicial.
A taxa de êxito após dois anos da cirurgia é bastante elevada, chega a 90% dos casos. Todavia, a longo prazo, baixa a 60%. Os especialistas apontam a favores psíquicos conduzindo essa taxa de 40% de fracassos. Todos, sem exceção, defendem reforçar os cuidados psíquicos na abordagem terapêutica.
A obesidade é complexa.
A obesidade é uma enfermidade complexa, sistêmica e com várias causas. Na sua origem, influem elementos genéticos, mas também ambientais, metabólicos e psicológicos. Essa doença que afeta a algo como 17% dos adultos e 10% das crianças pode ser tratada com dieta, exercício físico e medicamentos. Mas, se todo esse arsenal falha, recomendam a cirurgia bariátrica, um conjunto de operações para impedir a entrada ou absorção dos alimentos. A lista de espera no SUS continua sendo gigantesca, como sempre.....
A operação é segura e eficaz.
Quantas pessoas tiveram problemas durante ou logo após a cirurgia bariátrica? A resposta correta é: raríssimas. A cirurgia é segura e eficaz. Pode acreditar, da resultados excelentes. Todavia, tem um efeito temporal. No primeiro e no segundo anos, emagrece. A partir daí, depende do paciente.
Na fase pré-operatória o paciente já se submete a uma entrevista psicológica. As enfermidades psiquiátricas graves como bulimias, vicio ao álcool e outras drogas, não permitem essa cirurgia. Todavia, é bem maior que isso. As autoridades indicam que nada menos de 50% dos obesos sofrem de algum transtorno de saúde mental.
Ainda que a cirurgia seja uma maravilha, emagrecer não é um processo fácil e instantâneo. Aposta a cirurgia, ficam as estrias e peles sobrantes. As pessoas tendem a pensar que a vida mudará, quando o facilmente mutável é a aparência. Um hercúleo esforço os aguarda.