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Em Pauta

Cadê os 10%? O povoamento da fronteira sem lei

Por Mário Sérgio Lorenzetto | 30/07/2024 10:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Quando o povoamento da fronteira com o Paraguai foi se tornando mais intenso, também, paralelamente, ampliava-se a criação de gado. Os rebanhos cresciam não só com o aumento vegetativo de uma terra rica, mas principalmente com o comércio entre os dois lados da fronteira.


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Mascates eram os contrabandistas.

Surgiram então, os mascates. Eram eles que se encarregavam de vender as mercadorias nas fazendas e nos vilarejos nascentes. O sistema era só de trocas. O dinheiro era raríssimo. Caso uma cédula caísse nas mãos de um morador, ele a guardava como se fosse um tesouro. Não acreditava que veria outra. Havia muito negócio “fiado”, tanto de gado como de mercadorias. Para os mascates, não existia fronteira, negociavam livremente. Eram os primeiros contrabandistas.


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Surge a riqueza e os assaltos.

Com a prática do “fiado”, surgiram as primeiras riquezas. Muitos fazendeiros compravam e vendiam suas boiadas sem receber um centavo sequer. Apareceram, consequentemente, com essa fortuna, os assaltos às fazendas, às vilas e aos bolichos do sertão. Estavam sempre em grupos. Do lado paraguaio eram chamados “quatreiros” ou “quadrilheiros”, no tratamento brasileiro. Arrebanhavam até quatrocentas reses, tangendo-as para a venda no Paraguai.


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“Guascas” x “cuiabanos”.

“Tiras de couro cru”, este o significado de “guascas”, como eram chamados todos os gaúchos da fronteira. E eles, errando muito, chamavam os sul-mato-grossenses de “cuiabanos”. Na região não havia um deles sequer.


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Pena de morte.

Em virtude das frequentes e traiçoeiras investidas dos “quatreiros”, os habitantes da fronteira, viram-se na contingência de se defenderem. Existiam apenas um ou dois policiais. A prisão mais próxima ficava em Nioaque. Começaram a organizar tocaias para os quatreiros. Todos morriam. A pena de morte era o destino único.


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Cadê os 10%?

Era voz corrente na região abarrotada de gaúchos que 30% deles tinha enriquecido. Outros 30%, tinha remediado e os seguintes 30%, ficara tão pobre quanto estava no Rio Grande do Sul. Faltava 10% nessa conta. A resposta era bem conhecida. Jaziam mortos, eram quatreiros.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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