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Em Pauta

Cadeias lotadas. MS têm a maior taxa de aprisionamento

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/12/2017 08:17
Cadeias lotadas. MS têm a maior taxa de aprisionamento

Nova edição do Infopen foi divulgada. Esse censo das prisões brasileiras vem sendo realizado há anos. É um estudo de profundidade do mundo das cadeias. Percorrendo suas linhas, é possível enxergar até quais cursos existem em cada cadeia nacional. O que muda nesta edição do Infopen é apenas o crescimento vertiginoso do número de presos e a defasagem da quantidade de celas. Nos últimos anos, o Brasil prendeu oito vezes a mais e o clima de insegurança só aumentou. Em verdade, as cadeias são masmorras medievais que só servem para aumentar o poder das facções criminosas... e nada mais. Deveriam ser chamadas de empresas dos PCCs e seus concorrentes. É um dos melhores negócios para essas organizações. Os presos são funcionários das máfias, com tudo pago pelos governos. Elas só têm o trabalho de arrecadar o dinheiro que corre dentro e fora da cadeia. Tudo regado a muita droga e violência aterrorizante.
A péssima notícia é o Mato Grosso do Sul ocupar o primeiro lugar na taxa de aprisionamento. Esse índice é calculado pelo número de pessoas presas para cada grupo de 100 mil habitantes. Temos 696 pessoas presas - pode ler traficantes de drogas e usuários - para cada 100 mil sul-mato-grossenses. Próximo a nós só Rondônia e Acre. Quem são os presos? A resposta é excessivamente conhecida: negros, pobres, maconheiros. A idiotice continua...

Cadeias lotadas. MS têm a maior taxa de aprisionamento

A vidas dos artistas nas ditaduras. As diferenças entre Getúlio e militares.

Com as recentes explosões de ódio contra os artistas, criou-se a percepção de que todas as ditaduras tratam mal os artistas brasileiros. Há uma grande diferença entre a ditadura de Getúlio Vargas - chamada "Estado Novo - e a dos militares, as duas mais conhecidas.
Nos anos 1960 e 1970, os artistas foram censurados e tornaram-se em perseguidos do regime. Alguns foram para o exílio: Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Tantos outros, que permaneceram, estiveram entre os principais oposicionistas do governo dos militares. É essa recordação, dos tempos de censura, que emerge outra vez. Ao invés de odiar, deviam aprender com Getúlio Vargas.
Vargas foi um ditador mais feérico que os generais. Seu chefe de polícia, o cuiabano Filinto Muller, perseguiu e prendeu todos os políticos que lhe faziam oposição, não restou um Ulisses Guimarães bradando ao vento. Mas Vargas foi um grande amigo dos principais artistas de seu tempo. Figuras que foram cruciais para a manutenção da ditadura varguista. O regime de Vargas tinha seus intelectuais prediletos, Mário de Andrade, Carlos Drummond e Cândido Portinari eram reverenciados pelo governo ditatorial. Alguns artistas e compositores como Ary Barroso e Carmen Miranda, foram apoiados por Vargas. Eram contratados para participar de eventos realizados pelo governo. Também houve apoio para gravações e distribuição de seus discos. Villa-Lobos foi um funcionário a serviço do governo Vargas. Seu projeto musical estava inteiramente vinculado ao projeto de Vargas. Todo artista que tivesse ligação com o samba era bem aceito, especialmente se adotasse temas de teor patriótico. O estádio de São Januário, do Vasco, era constantemente usado para os chamados Desfiles da Juventude. Sob a batuta de Villa-Lobos, jovens saudáveis, que treinavam nas academias de educação física criadas pelo regime, desfilavam. Um reflexo da propaganda nazista que usava as músicas de Wagner nesse tipo de desfile.

Cadeias lotadas. MS têm a maior taxa de aprisionamento

Viajar muito e ir ao mesmo lugar.

É verdade: embora distraído, o turismo representa para muitos um modo de se reapropriar do mundo. Deixar de ver simulacros da realidade para ver como o mundo realmente funciona. Só que antes a experiência da viagem era decisiva, voltávamos diferentes do que éramos ao partir, enquanto agora só se encontra gente que volta sem ter sido tocada pela fascinação do Outro Lugar. Retornam e só pensam nas próximas férias, não falam de nenhuma iluminação transformadora. Talvez isso aconteça porque hoje os locais de peregrinação real fazem o possível para ficarem parecidos com os locais de peregrinação virtual. O turista é levado aos locais adaptados ao virtual e está "proibido" pelo tempo de viagem a ver os outros locais: que visite templos, lojas e mercados, mas não hospitais. Que visite ruínas restauradas e não as que foram saqueadas por ladrões ou pelas potencias vencedoras de alguma guerra..
Ocorre que todos os lugares tendem a se parecer. Existiam lugares mágicos em Paris onde pouco a pouco estão desaparecendo os velhos restaurantes, as livrarias à meia-luz, as lojinhas dos velhos artesãos, todas substituídas por lojas de estilistas internacionais. Que por sua vez são as mesmas que se encontram na Fifth Avenue, em N.York, em Londres, em Milão... As principais ruas das grandes cidades se parecem cada vez mais umas com as outras, além de exibirem as mesmas lojas.
Alguém pode objetar e afirmar que há uma Torre Eifel, uma Torre de Londres, o Duomo de Milão ou a Igreja de S.Pedro que dão fisionomia própria a cada cidade. É verdade. Mas está cada vez mais disseminada a mania de iluminar igrejas, torres, castelos e prédios com feéricas luzes coloridas que fazem desaparecer as estruturas arquitetônicas, de modo que até os grande monumentos correm o risco de ficar cada vez mais parecidos, pois estão se transformando em meros suportes para jogos de luz.
Quando tudo for igual, ninguém mais fará turismo para descobrir o mundo verdadeiro, mas para encontrar aquilo que já conhece e que poderia ver perfeitamente ficando em casa diante da TV.

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.

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