Como enriquecer e empobrecer um país com exportações
Desde que Marco Polo tinha voltado da China, os ricos da Europa ficaram obcecado pela porcelana branca chinesa. Era dura o bastante para não se deixar riscar por um prego, milagrosamente translúcida como uma casca de ovo e mantinha o calor por muito mais tempo que um forno de ferro. Também acreditavam que tomar chá em uma xícara de porcelana chinesa impedia o envenenamento. Durante séculos, todos os ricos patrocinaram pesquisas para saber como produzir essa maravilha. Foi na Polônia que o mistério foi resolvido. Mas o segredo vazou. A receita do barro branco chamado caulim misturado com uma pedra de feldspato virava a tão desejada porcelana, chegou à Suécia.
Saindo de Vikings a Intelectuais.
Por volta de meados de 1.700, a Suécia tinha conquistado as penínsulas em seu entorno. Mas era pobre. Com a descoberta polonesa dos poderes do feldspato, começou a abrir minas por toda parte. Encontrou enormes quantidades desse mineral em uma ilha chamada Ytterby, além de quatro outros elementos químicos, que hoje chamamos "terras raras". Com a fortuna adquirida pela venda do feldspato, a Suécia ingressou no Iluminismo. Investiu o dinheiro em suas faculdades.
Um país de cientistas.
Grandes cientistas começaram a surgir, de forma até desproporcional para a sua pequena população.... que produziram mais riquezas. Foi lá que a ideia - francesa - de uma nação e suas faculdades serem laicas ganhou força. Também foram os suecos que levaram para o mundo o conceito de que só com universidades fortes e ricas é possível perpetuar a riqueza.
O tungstênio é português, com certeza.
Portugal era um país difícil de decifrar na Segunda Guerra Mundial. Emprestou aos Aliados uma base aérea nos Açores, mas tolerava nazistas em seu governo e providenciava abrigo para espiões de Hitler. Também negociou milhares de toneladas de tungstênio com os dois lados do conflito. Esse elemento químico, quando ligado ao ferro, produzia balas, de pequenas dimensões, que perfuravam tanques de guerra. Era o "ouro" dessa guerra. Provando seu valor como professor de economia, Salazar, ditador de Portugal, alavancou o quase monopólio de seu país com o metal. Produziu 90% do tungstênio usado na guerra. Obteve lucros 1.000% maiores que em tempo de paz.
Jogando uma fortuna fora.
O país, depois do ouro das Minas Gerais brasileiras, obteve sua segunda riqueza. Mas Salazar era militar, não admitia libertar as colônias africanas. Desperdiçou essa segunda gigantesca fortuna em uma guerra destinada ao fracasso, desde seu primeiro dia. Suas universidades só gozam de fama no Brasil. Na Europa, ninguém as reconhece.