Cor, vaidade e lucro na ponta dos dedos – a retroalimentação da esmalteria
Cor, vaidade e lucro na ponta dos dedos – a retroalimentação da esmalteria
A elegância sóbria da romancista policial britânica Agatha Christie virou cor. É o marrom avermelhado e, com certeza, intriga e chama atenção. O nome da escritora como cor de esmalte é um dos muitos exemplos da extensa criatividade de um segmento do setor cosmético que cresce a progressões geométricas. Foi ideia da Granado, que decidiu misturar romance, drama e suspense e fazer uma cor. Não é novidade que neste mercado, cor nunca tem nome de cor. Elas são a “Princesa em Fuga” – um azul profundo da Avon –, Pimentinha – cores avermelhadas e quentes da Colorama –, Regent – verde metalizado da YNC – e tantos outros. Atrizes e estrelas de cinema também embarcam e faturam alto.
A maioria dos produtos é direcionada ao público feminino. Para homens, somente uma base totalmente transparente ainda é encontrada perdida nas prateleiras de farmácias e lojas do ramo. Só que é raro. Para as mulheres, cor é o que mais importa, mas o nome deve ser vibrante. E vibra. Somente no ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Embalagem, o segmento de esmaltes faturou R$ 600 mil ao ano no Brasil. A previsão de crescimento é evidente no embalo de consumidores que não desejam somente a composição do esmalte: nutricelulose, solventes, plastificantes, corantes e agentes de suspensão. A maioria nem pensa nisso, mas empresas como a Colorama resolveram traduzir em seu site cada passo do produto. Quem compra esmaltes quer o embalo da moda, como a roupa, o calçado e, por isso, as cores variam a cada estação.
Muitos faturam com as deficiências de mercado
A empresária Luciane Chelegão é uma dessas. Atende a cerca de 60 clientes por dia em um salão na capital paulista onde há cerca de 1,3 mil cores expostas em vagas mais que concorridas. E se há lucro, há franquia. No Rio de Janeiro, a Unhas Express vai além do nome. Oferece variedade de cores. O mesmo faz a Esmalteria, onde além de pintar as unhas, os clientes podem pedir serviço de bar. O faturamento médio mensal é de R$ 30 mil. Campo Grande não ficou fora do serviço especializado de unhas e conta com a “Unhas de Cinema”, local onde clientes encontram vasta diversidade de cores.
O mercado brasileiro é vasto, mas ainda fica atrás dos EUA e China. No país líder asiático, 93% dos consumidores são mulheres jovens e com renda elevada, conforme levantamento do instituto Nielsen. Entre elas, 83% dão preferencia às compras on-line. No Brasil, a mesma empresa identificou que a chamada classe C deixou de impulsionar as vendas, que caíram 2,5%. Os dados são do estudo Tendência Primeiro Trimestre 2014, que foi apresentado na primeira semana de agosto. Assim, as classes A e B concentraram o consumo.
O traço perfeito do delineador e o fim do cabelo com frizz são ensinados por um homem
Celso Kamura, contudo, não é somente um maquiador e cabelereiro. Alguém que domina as técnicas de maquiagem e cabelo e, um dia, resolveu montar um site na internet. Talvez este tenha sido um de seus últimos passos. Compenetrado, um traço de sua cultura oriental, mas bem humorado, Kaumura está ente os mais disputados do mercado. Na sua carteira de clientes estão o casal Luciano Huck e Angélica e, ainda, a presidenta Dilma. Suas longas madeixas, que deixam o indício de um perfil excêntrico, também servem como marca do trabalho. Penteia, hidrata. Nunca corta radicalmente, os mantêm na linha da cintura. E também conta com o DNA para mantê-las impecáveis.
O cabelereiro e maquiador nipo-brasileiro fez das escolas e pincéis um império. Em 2012 fundou a primeira unidade Celso Kamura Express, em Moema, São Paulo. No coração da capital paulista, favoreceu-se do conceito da cidade que não para e oferece serviço sem hora marcada. Até aceita hora marcada, desde que o cliente esteja disposto a pagar mais por isso. O conceito, contudo, é o da beleza fácil, acessível. Quem entra é atendido, desde que pague e ele sabe cobrar bem.
A prova está em curso que será oferecido na ocasião da Beauty Fair, na primeira semana de setembro, na Expo Center, em São Paulo. Serão cobrados R$ 1,2 mil pela qualificação – direcionada somente a profissionais. Será só um ponto do evento, que fatorou no ano passado R$ 450 milhões e levou 140 mil profissionais ao pavilhão.
O emprego doméstico voltou a crescer e a nova lei multa quem não registra trabalhador doméstico
Por causa da greve de parte dos servidores do IBGE, a Pesquisa Mensal de Emprego - PME foi divulgada com dados parciais. Apesar de não existirem dados totais já é perceptível uma pequena piora do mercado de trabalho. Em junho a precariedade deu o tom. Foram fechados 55 mil empregos com carteira assinada e por outro lado cresceu o emprego sem carteira assinada com 28 mil vagas. Também ocorreu o crescimento da ocupação por conta própria com 34 mil postos.
Sinal claro dos novos tempos é a volta do crescimento do emprego doméstico. Foram 40 mil vagas preenchidas em casas de família com carteira assinada. É um fenômeno recente, a ser melhor observado nos próximos meses.
Outro dado a ser acompanhado é se ocorrerá alguma mudança com a nova lei, que passou a vigorar nesta semana, que prevê multa em dobro para quem não registrar em carteira um empregado doméstico. Até mesmo quem a propôs, a ex-senadora Serys Slhessarenko, admite que será de difícil fiscalização porque a Constituição garante a inviolabilidade do domicílio, impedindo que a fiscalização entre na casa do empregador.
Com a nova lei passaram a valer a jornada de 44 horas semanais e até 8 horas diárias bem como o pagamento de horas extras e a obrigatoriedade de intervalo intrajornada. Também passou a ser proibido o trabalho noturno, insalubre e perigoso ao menor de 18 anos.