Corumbá: 2º invasão paraguaia e a fuga de soldados brasileiros
No dia 4 de janeiro de 1.865, no começo da Guerra do Paraguai, Corumbá foi ocupada pelos soldados inimigos sem resistência alguma. A notícia da aproximação dos invasores, comandados por Vicente Barrios, causou uma corrida desordenada dos 400 militares responsáveis pela defesa da cidade. Apinhados em barcos e navios partiram em direção à Cuiabá, deixando a população entregue à sanha dos guaranis. O comandante das tropas brasileiras não pode ter seu nome esquecido, foi o maior covarde da história dessa guerra em nossas terras. Carlos Augusto de Oliveira, sabendo da entrega do forte Coimbra aos guaranis, deixou que o pânico se instalasse entre os moradores, que beirou a demência. Se não fosse um comerciante de nome Manoel Cavassa, o desastre seria total. Foi ele que conseguiu organizar a fuga dos corumbaenses e os esconderijos nas fazendas.
Uma fotografia de Corumbá antes da Guerra.
Existiam 1.400 brasileiros e cem estrangeiros, totalizando 1.500 pessoas em Corumbá antes da Guerra. Era a cidade mais animada e movimentada do tempo em que Mato Grosso era uno. Havia na cidade oitenta casas com cobertura de telha ou de zinco, um luxo para a época. Mais de 140 ranchos, com cobertura de folhas de Carandá, completavam o casario. Cinco bares com jogos de bilhar garantiam a diversão. Muitas festas eram realizadas, quase todas regadas com doces de procedência argentina ou uruguaia.
A cidade arrasada pelos guaranis.
Corumbá ficou ocupada por dois anos e meio. Tentaram buscar refúgio em território boliviano. Os paraguaios saquearam todas as moradias e casas comerciais. As mulheres casadas eram levadas ao navio do comandante guarani e seviciadas. Os homens, inclusive o Cavassa, foram colocados em masmorras e levados para Assunção. Quem sobrou em Corumbá foi obrigado ao trabalho forçado. Queimaram e derrubaram quase todas as casas, restando tão somente vinte. Para completar o quadro estarrecedor, uma epidemia de varíola ceifou a vida de mais de um décimo dos sobreviventes.
A segunda invasão guarani.
Campo e cidade foram devastados. Todavia, pouco depois, quando os cidadãos começavam a reconstruir Corumbá, tiveram de conviver com outra consequência da guerra. No ano de 1.876, quando as forças brasileiras de ocupação retiraram-se do Paraguai, cerca de 3.000 a 4.000 paraguaios foram viver em Corumbá. Havia muito preconceito, talvez ódio, dos corumbaenses para com os refugiados. Alguns, foram trabalhar nas fazendas. Outros, viviam em condições precárias, muitas vezes dependendo da caridade de alguns corumbaenses. Vítimas da fome, e da completa miséria, perambulavam pelas ruas da cidade. Doentes e maltrapilhos, muitos viraram mendigos.
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