Covid pós-hospitalização: fadiga crônica e envelhecimento cerebral
Pessoas que tiveram covid-19 severa - e se recuperaram - continuam a apresentar sequelas neurológicas como fadiga crônica, esquizofrenia, epilepsia e envelhecimento cerebral precoce. A encefalomielite miálgica, uma doença misteriosa, conhecida como "síndrome da fadiga crônica" está entre as consequências mais frequentes.
O cansaço irreal.
Muitas pessoas ficam com algum grau de comprometimento do pulmão ou do coração. Isso provoca dificuldade respiratória, consequentemente, as pessoas se cansam com tarefas banais. Mas, além desse cansaço por razões físicas, existe outro tipo, cujas causas não foram ainda esclarecidas - a síndrome da fadiga crônica. Ela pode envolver dor e fadiga constante, mesmo se não tiver feito esforço. Também pode envolver sono não reparador, confusão mental, problemas de memória e de concentração. Ela é mais comum em mulheres. Algo como 20% dos que tiveram a forma mais grave da covid, provavelmente, a terão.
Velho ainda jovem.
Um estudo gigantesco, realizado por 34 universidades dos EUA, descobriu as interações entre as proteínas do vírus da covid e as proteínas cerebrais humanas, leia-se Alzheimer. Há um envelhecimento precoce do cérebro. As células gliais são responsáveis por recolher o "lixo do cérebro", uma função que no resto do corpo é feita pelo sistema linfático. Quando essas células gliais são direta ou indiretamente afetadas pela covid-19, o "lixo" vai se acumulando até formar placas de proteína beta-amilóide, que impedem a eficiência da comunicação entre os neurônios - e provocam Alzheimer. O Brasil não consegue resolver os ingentes problemas de falta de leitos e medicação hospitalar, nem mesmo de oxigênio. As síndromes pós-covid estão sendo relegadas ao lugar nenhum do esquecimento.