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Em Pauta

Diabetes e anemia poderão ser curadas com a técnica CRISPR

Mário Sérgio Lorenzetto | 27/10/2017 06:30
Diabetes e anemia poderão ser curadas com a técnica CRISPR

A técnica denominada CRISPR é um editor de genes. Corrige as falhas genéticas que são responsáveis por inúmeras doenças. Os estudos mais antigos com essa técnica são para curar câncer de pulmão, mas ainda não estão nas fases que precedem sua comercialização. Ainda que mais novos, os estudos envolvendo a técnica CRISPR para curar a anemia de Fanconi, um tipo de diabetes, e outras anemias, estão bem mais avançados. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts acaba de publicar esse trabalho na revista Science. O problema está na resolução jurídica da patente para que possa ser comercializado. A mesma equipe que comanda esses trabalhos pretende, também, curar algumas enfermidades mentais. Feng Zhan, Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier, todos do MIT, são as maiores autoridades mundiais nas técnicas CRISPR para tratamentos de doenças humanas.

Diabetes e anemia poderão ser curadas com a técnica CRISPR

Projeto Gilgamesh: prepare-se para a imortalidade de seus filhos.

Gilgamesh era o heróis sumério obcecado com a conquista da imortalidade. Nesses 10 mil anos de aniversário, os humanos nem por um dia pararam de sonhar com a juventude eterna e com a imortalidade. Hoje, o avanço científico já permite sonhar que a conquistemos em alguns decênios. Ou, pelo menos, uma duplicação de nosso tempo na Terra. Já não é ficção científica nem conversa de malucos.
Milionários californianos têm feito reuniões para financiar ensaios clínicos de substancias antienvelhecimento, como o resveratrol e a metformina. Prospectam pesquisas com a revolucionária tecnologia CRISPR, que permite editar genes. Copiam, cortam e colam, como se fosse um texto, por enquanto para corrigir mutações patogênicas em embriões humanos. Eventos metabólicos próprios do envelhecimento celular serão revertidos.
Descobriram, algo que há muito os artistas vem expressando como um sonho: o acoplamento sanguíneo. Quando dois animais trocam o sangue, ocorre a intrigante capacidade de rejuvenescer o animal mais velho. Isso é conhecido cientificamente como "parabiose heterocrônica". O conde Drácula da novela ficaria com inveja dos cientistas.
Para os muitos ricos, morrer parecerá cada vez menos um destino e mais uma opção. Dentro de muitos anos, talvez mesmo a classe média tenha acesso a essas benesses, estendendo o tempo de existência de cada indivíduo muito além do que se crê possível hoje. Não se trata simplesmente de viver mais, mas também de viver melhor. Mas o que faremos com isso? Estamos preparados para suas consequências? Qual será a saúde mental de uma pessoa com 140 anos de vida e um corpinho de 40 anos? Como será a interação dos verdadeiramente jovens com pessoas tão velhas, ricas e poderosas que podem habitar corpos aparentemente muito sadios? Haverá espaço para a inocência? Como impedir que os "imortais" não manipulem os mais novos? Como lidaremos com a superpopulação planetária?
Alguns estão chamando de "Dilema de Dorian Gray". O romance de Oscar Wilde conta que o protagonista deixa de envelhecer após desejar que um seu retrato envelheça em seu lugar. Ele passa a viver na devassidão, mas seu corpo não acusa o desgaste de uma vida de excessos. Enquanto Gray permanece belo e jovem, o retrato ilustra cada vez mais crueldade, corrupção moral... É esse o futuro que desejamos? Como conseguir que esses tratamentos, caríssimos, sejam democratizados para todos? Infelizmente, o Brasil está fora desses estudos que modificarão o mundo.

Diabetes e anemia poderão ser curadas com a técnica CRISPR

Um dia vamos curar todas as enfermidades, mas qual será o preço?

A esperança de vida aumentou 30 anos em um século. Há 120 anos as pessoas morriam de tétano e não havia antibióticos. Há vários séculos, gregos e romanos só viviam até os 30 anos de idade. O século XX foi milagroso e continuaremos a ter vidas mais longas, mas estamos no ocaso de uma era. Entramos em uma fase em que a ciência medica está trazendo muitas iniquidades no acesso à saúde. Passamos a uma etapa em que os ricos estão tendo acesso a tratamentos que custam US$200 mil ou US$500 mil e os pobres nem imaginam deles se aproximar. São novos tratamentos para alguns tipos de câncer, que prescindem de cirurgias ou tratamentos que nos debilitam. Basta uma injeção e está curado. Sem quadro secundário de nenhum tipo, sem dor e sem sofrimento. São os primeiros passos de uma medicina personalizada. Estranho? Mas é fato. Está acontecendo. Passam a produzir tratamentos para cada indivíduo e não para combater uma doença. Um mundo muito diferente deste em que vivemos. A tendência é que esse tipo de tratamento criará conflitos sociais. Imaginem a cena. Você entra em uma clinica e na sala de espera há outra pessoa muito rica. Ambos estão com a mesma moléstia. Após a consulta, você irá para casa esperar a morte. O rico sairá da clinica curado.
Em Campo Grande ainda vivemos uma fase mais atrasada dessa diferenciação de classes sociais para o tratamento da saúde. Os dois grandes traumas sociais são a existência de postos de saúde em situação de muita precariedade e o avanço de hospitais para ricos e a classe média. Enquanto os pobres são mal atendidos nos hospitais públicos - em eterna crise de falta de dinheiro e gerenciamento - os ricos e a classe média ganham belos e bem administrados hospitais.

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