Estiagem prolongada e drenos em Bonito secaram Rio da Prata, aponta PMA
Foram necessárias duas operações de resgate em 2024 para salvar os peixes
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A seca no Rio da Prata, que atravessa Bonito e Jardim, foi causada por uma prolongada estiagem e a construção de drenos na cabeceira do rio em Bonito, segundo a Polícia Militar Ambiental. O rio secou completamente em julho de 2024, afetando seis quilômetros de seu curso. A situação exigiu operações de resgate de peixes, que foram transferidos para áreas com água. O rio voltou a fluir em dezembro de 2024 com a chegada das chuvas. O Conselho Estadual de Controle Ambiental vetou a liberação de drenos na Fazenda São Francisco para proteger a área de recarga do rio.
A seca por seis quilômetros no Rio da Prata, que corre por Bonito e Jardim, foram provocadas pela estiagem prolongada e contribuição das construções de drenos na cabeceira do corpo hídrico, no município de Bonito, a 297 km de Campo Grande.
“E a respeito da seca do Rio da Prata, com os levantamentos realizados, foram devido à estiagem prolongada e talvez a contribuição das construções de drenos na cabeceira do Rio da Prata, no município de Bonito".
O diagnóstico é da PMA (Polícia Militar Ambiental) e foi anexado no inquérito do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre a seca do rio, que teve ápice em julho de 2024.
Conforme o ofício do 2º Grupamento de Polícia Militar Ambiental, localizado em Jardim, os drenos resultaram em autuação. O inquérito civil foi concluído ontem (dia 5).
Em 3 de julho de 2024, só havia terra no leito do rio debaixo da Ponte do Curê, em Jardim, MS-178. Onde deveria ter quatro metros, não havia uma gota de água. Mas somente peixes e caranguejos mortos.
No trecho seco de seis quilômetros, pedras, antes cobertas pela água, não formavam mais cachoeira. Também não era mais preciso caiaque para vencer as corredeiras. Bastava caminhar com cuidado para não escorregar no leito liso. O Prata é tributário do Rio Miranda, que deságua no Rio Paraguai, o principal curso de água do Pantanal.
O rio só voltou a correr em dezembro de 2024, junto com a chegada das chuvas, num ano em que a Região Hidrográfica do Rio Paraguai enfrentou a mais severa crise hídrica.
“Voltou à normalidade. O volume da chuva no banhado está mantendo o fluxo. Nós monitoramos as chuvas da cabeceira. E são cerca de 100 milímetros no acumulado da semana”, afirma Nisroque da Silva Soares, diretor do Instituto Guarda Mirim Ambiental de Jardim. O monitoramento do nível do Rio da Prata é feito semanalmente.
Operações de resgate – A situação do Rio da Prata exigiu duas operações para resgate dos peixes, que morreriam asfixiados no leito seco. No dia 31 de julho, foram socorridos dourados, cascudo, curimbatá, piraputanga, piau e piapara.
Retirados cuidadosamente, os peixes foram colocados em uma caixa de 500 litros com água e oxigênio e depois transportados para outra de 2 mil litros em um caminhão. Foram várias idas e vindas para levar os animais a um outro trecho, a 5 quilômetros dali por terra, que equivalem a 11 km por rio.
A operação envolveu pesquisadores do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Amigos do Rio da Prata, PMA, Iasb (Instituto das Águas da Serra da Bodoquena), Instituto Guarda Mirim Ambiental, 1ª Promotoria de Justiça de Jardim e integrantes do curso de Geografia da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Em 3 de outubro, a segunda operação salvou mais 400 peixes.
Drenos – Em dezembro, o Ceca (Conselho Estadual de Controle Ambiental) vetou o pedido de liberação de drenos na Fazenda São Francisco, em Bonito, cidade turística a 297 km de Campo Grande. O tema é polêmico pelos impactos ao brejão do Rio da Prata, área essencial para a “recarga” do corpo hídrico. A decisão também prevê a recuperação da área.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.