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Meio Ambiente

Seco por 6 quilômetros, Rio da Prata terá expedição para vistoria técnica

Levantamento é um pedido do promotor de Jardim ao Instituto Homem Pantaneiro

Por Aline dos Santos | 24/07/2024 08:23
Leito do Rio da Prata seco debaixo da Ponte do Curê, no dia 3 de julho. (Foto: Paulo Francis)
Leito do Rio da Prata seco debaixo da Ponte do Curê, no dia 3 de julho. (Foto: Paulo Francis)

Enfrentando seca em trecho de seis quilômetros, o Rio da Prata, corpo hídrico famoso pelas águas cristalinas, terá vistoria técnica do IHP (Instituto Homem Pantaneiro).

O levantamento é um pedido do promotor de Jardim, Allan Carlos Cobacho do Prado. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) instaurou no último dia 12 procedimento que apura as causas da seca e sujidade no rio. A solicitação foi encaminhada ontem (dia 23) ao IHP

“O instituto tem um trabalho no Prata de oito anos. Que sempre foi pautado pela compreensão da sub-bacia hidrográfica como um todo. Nós vamos fazer uma análise desde o início. Entender efetivamente o que pode ter contribuído para secamento desse trecho. Ampliando o relatório original e subsidiando o Ministério Público. Principalmente, propondo ações para reverter os passivos e implementar um modelo inovador de gestão dessa bacia, usando tecnologia para que não tenhamos mais nenhum aumento de passivo”, afirma o presidente do IHP, Ângelo Rabelo.

Documentos anexados ao procedimento da promotoria de Jardim mostram que o Prata tinha barragem improvisada com sacos de ráfia e terra perto de “sumidouro”, ponto em que o rio passa a correr de forma subterrânea. A reportagem apurou que os invólucros estavam a dois quilômetros acima da Ponte do Curê, na MS-178, em Jardim, a 236 km de Campo Grande.

Peixe morto no leito Rio da Prata, vítima da escassez hídrica. (Foto: Paulo Francis)
Peixe morto no leito Rio da Prata, vítima da escassez hídrica. (Foto: Paulo Francis)

A escassez hídrica assola a Região Hidrográfica do Paraguai, onde fica o Prata. A situação é causada pela falta de chuvas regulares em Mato Grosso do Sul, mas a barragem estava contribuindo para diminuir ainda mais o fluxo do corpo hídrico.

O parecer é do pesquisador Tiago Karas, que tem doutorado pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e leciona na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) de Jardim.

Conforme o documento, alguns dos invólucros ainda estavam fechados. “E contendo terra vermelha, comprovando que o material utilizado para encher os sacos não são de origem deste rio e que foram ali colocados de forma intencional no único veio de água do leito existente. Outra observação é que a existência dessa barragem foi encontrada muito próxima da localidade onde o fluxo hídrico e superficial do Rio Prata se interrompe, ou seja, local onde havia drástica redução e a barragem estava contribuindo para diminuir ainda mais o seu fluxo”.

Em 3 de julho, a reportagem do Campo Grande News não encontrou uma gota de água onde deveria ter rio com até quatro metros de profundidade.  Com a chuva neste mês, a água voltou a correr em pequeno trecho, mas em pouca quantidade.

Placa sinaliza ponte sobre o Rio da Prata em Jardim. (Foto: Paulo Francis)
Placa sinaliza ponte sobre o Rio da Prata em Jardim. (Foto: Paulo Francis)

Entre os dias 26, 29 de junho e 3 de julho, o Instituto Guarda Mirim Ambiental de Jardim percorreu 6,9 quilômetros do rio. No documento, foi constatada a fragilidade da mata ciliar, proximidade de área de pastagem e da estrada, além da barragem.

O Rio da Prata voltou tristemente ao noticiário seis anos depois de ter sido tingido pela lama. O “rio vermelho” foi em 2018, quando a falta de curva de nível em fazendas, somando à chuva forte, levou terra para o leito.

Ao todo, o corpo hídrico tem 90,7 quilômetros de extensão. Antes e após o trecho em que desaparece, o rio segue visível e permitindo os passeios nos atrativos.  O Prata corre por Bonito e Jardim. Ele nasce na região da Serra da Bodoquena e deságua no Miranda, que é tributário do Rio Paraguai, o principal do Pantanal.

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